O candidato à presidência da Argentina Alberto Fernández disse ontem, após visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), que o recém-anunciado acordo de integração entre Mercosul e União Europeia será revisto, pois foi anunciado precipitadamente em razão da corrida eleitoral e porque agravará os problemas enfrentados pela indústria argentina.
"A verdade é que logo depois a França está rechaçando, e se a segunda economia da Europa rechaça, em que consiste esse acordo? E o que mais me preocupa é que o acordo condena a Argentina a um processo de desindustrialização muito grande. Precisamos levantar as indústrias para devolver o emprego à Argentina e a maior obsessão que tenho é que não haja um só argentino sem trabalho", disse Fernández.
Segundo ele, o anúncio do acordo teve um objetivo eleitoral de Maurício Macri, atual presidente, que busca a reeleição. "A impressão que tenho é que ele foi anunciado precipitadamente, para que Macri possa aparecer com os louros em sua campanha eleitoral."
Fernández encabeça a chapa que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice. Cristina, que governou a Argentina entre 2007 e 2015, tornou-se senadora e responde a processos de corrupção. Um ex-crítico de Cristina, Fernández disse que agora eles estão "unidos para defender o país".
O candidato disse que seu encontro com Lula, que cumpre pena de quase 9 anos de prisão, girou em torno de diversos assuntos - menos futebol. "Foi uma conversa de amigos", disse. "Esse governo está criando uma mácula muito forte para o Brasil. Acredito na inocência dele e ele tem todo o direito de estar em liberdade e de se defender."
"É uma mácula ao estado de direito. Fico preocupado com o fato de que isso ocorra neste continente. Como sou um homem comprometido com o estado de direito, vou estar ao lado de Lula o tempo necessário, até que a Justiça entenda que há de se respeitar as garantias de todos cidadãos e também a de Lula", afirmou.
A respeito das declarações do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de que uma vitória de sua chapa poderia transformar a Argentina em uma nova Venezuela, Fernández se recusou a comentar "Não é sério. Realmente, não vou contestar o que diz o presidente Bolsonaro."