Milhares de manifestantes protestam neste sábado (27) em Yuen Long, em Hong Kong, em meio a acusações de que a polícia se uniu a bandidos da máfia para atacar os manifestantes durante um protesto numa estação de metrô no início desta semana. Na ocasião, um grupo de homens vestidos de branco e armados com paus e barras de metal espancou dezenas de manifestantes na estação.
A marcha acontece desafiando a proibição da polícia, que havia alegado motivos de segurança para impedir o ato, com alguns jogando objetos, como garrafas de água, contra os policiais.
As cenas tensas acontecem sob calor sufocante de Hong Kong, com manifestantes se aglomerando em estradas que levam a aldeias locais de um lugar conhecido como submundo, e filas de policiais e tropas de choque alinhadas para impedir uma marcha.
Os manifestantes, muitos com os rostos cobertos com máscaras cirúrgicas, zombaram da polícia por parecerem proteger membros de gangues que bateram em manifestantes no fim de semana passado em Yuen Long. Em uma estrada principal, a polícia disparou gás lacrimogêneo para expulsar os manifestantes.
A multidão continuou a aumentar à medida que as empresas e lojas locais permaneciam fechadas, como precaução contra possíveis violências. Embora a multidão fosse em sua maioria pacífica, um grupo atacou uma van da polícia.
Milhares de moradores desta cidade semi-autônoma da China foram às ruas em uma série de manifestações desde o início de junho. A faísca inicial foi uma lei de extradição que tornaria mais fácil para Pequim processar cidadãos locais sob o seu próprio sistema legal autoritário, ao invés do sistema baseado em regras da cidade.
As manifestações deram uma reviravolta no último domingo à noite, quando mais de cem homens munidos de hastes de metal e madeira atacaram passageiros em uma estação de metrô em Yuen Long, ferindo dezenas. Seus alvos pareciam ser manifestantes voltando de uma marcha, mas entre aqueles severamente espancados estavam os passageiros do dia a dia, incluindo uma mulher grávida que está hospitalizada.
Um vídeo amplamente divulgado mostra um deputado pró-China local, Junius Ho, andando entre os homens munidos de bastões, apertando as mãos.
O vídeo alimentou uma crença que tem sido difundida de que os homens da máfia conhecida como Tríades, contratados por oficiais. Essa crença ganhou credibilidade quando a polícia depois prendeu pelo menos seis homens, alguns com ligações de gangues conhecidas, durante os ataques.