Um dia após assumir o cargo de presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez tomou nesta quarta-feira, 13, a primeira decisão como líder em exercício: nomear um novo Alto Comando Militar em período de transição.
Añez se declarou presidente na terça-feira, 12, depois de Evo Morales renunciar no domingo devido à pressão dos militares e após a Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciar irregularidades nas eleições de 20 de outubro, nas quais o agora ex-presidente foi reeleito para um quarto mandato consecutivo.
Em cerimônia realizada na sede do governo em La Paz, onde não eram celebrados atos oficiais desde agosto de 2018, a nova presidente empossou o general do Exército Carlos Orellana como comandante das Forças Armadas.
Além de Orellana, o general Iván Patricio Rioja assumiu o comando do Exército, o general Ciro Orlando Álvarez Armada passou a controlar a Força Aérea Boliviana e o contra-almirante Moisés Orlando Mejía Heredia é o novo encarregado da Marinha.
Embora o Estado boliviano seja laico, um crucifixo e duas velas foram posicionados ao lado da Constituição da Bolívia na cerimônia de posse. O novo comandante das Forças Armadas, Carlos Orellana, pediu "calma a toda a população da Bolívia".
Nos últimos dias, vários grupos, principalmente os contrários à renúncia de Evo, se envolveram em atos violentos que destruíram patrimônios públicos e privados.
Esses incidentes ocorreram em cidades como La Paz, El Alto e Cochabamba entre apoiadores e opositores do ex-presidente. Oito pessoas morreram e 508 ficaram feridas desde o início da crise.
Em discurso, o comandante que deixa o cargo, Williams Kaliman, ressaltou que as decisões que tomou durante o período de crise seguiram "estritamente" a Constituição e "o respeito à vida".
Sob o comando de Kaliman, os militares decidiram sair às ruas na noite da segunda-feira passada, após serem requisitados pela Polícia, que se viu sobrecarregada diante da onda de violência após o anúncio da renúncia de Evo.
Añez, originalmente do Departamento de Beni, localizado no nordeste da Bolívia e na fronteira com o Brasil, recebeu apoio dos líderes dos protestos contra Evo.
O ex-presidente Carlos Mesa, segundo lugar nas questionadas eleições de 20 de outubro, a parabenizou pelo Twitter e o líder cívico Luis Fernando Camacho, que se tornou o principal rosto da oposição no contexto dos protestos, prometeu "apoio total".
Camacho também pediu para suspender as greves iniciadas no dia seguinte às eleições.