Dilma deve manter linha 'paz e amor' em debate

A cúpula petista tem rebatido a acusação tentando desqualificar a revista
Carolina Sá Leitão
Publicado em 24/10/2014 às 19:00
A cúpula petista tem rebatido a acusação tentando desqualificar a revista Foto: Foto: ABr


Depois de medir em pesquisas que o eleitor rejeitou a agressividade nos confrontos televisivos deste segundo turno, os candidatos à Presidência - Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) - precisarão agir com cautela e estratégias calculadas em cada detalhe no debate desta noite, promovido pela TV Globo.

Possivelmente Aécio usará as denúncias publicadas pela revista Veja nesta sexta-feira (24) para reforçar seus ataques a petista e trazer novamente o tema corrupção para o debate. Segundo a publicação o doleiro Alberto Youssef afirmou em depoimento que a presidente Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento do esquema de cobrança de propina na Petrobras. A cúpula petista tem rebatido a acusação tentando desqualificar a revista. O presidente nacional do PT, Rui Falcão disse hoje "ter dúvida" se Aécio usará a reportagem no debate e afirmou que, caso o tema venha a tona, ele terá resposta. 

A própria Dilma já usou o seu horário político de hoje para criticar a Veja e desqualificar as denúncias. "Isso é um crime. É mais do que clara a intenção malévola da Veja de interferir de forma desonesta e desleal nos resultados das eleições", disse a presidente. Outras lideranças petistas, como o ex-presidente Lula evitou comentar a publicação e disse hoje que "não acha nada" a respeito da reportagem e que "não lê a Veja". 

Liderando as pesquisas de intenção de voto, Dilma vai tentar rebater a imagem que o tucano tentou colar em sua candidatura de que ela foi quem iniciou os ataques pessoais e tende a adotar uma linha mais propositiva e mais "paz e amor". "Considerando que ainda pode haver uma inversão no cenário é difícil que a Dilma parta para os ataques. Ela deve ser menos agressiva e talvez com mais munição do ponto de vista da argumentação, porque sabe que o Aécio vai vir com tudo", avalia a cientista política e professora da Ufscar, Maria do Socorro Braga.

No final do debate na TV Record, no dia 19, Dilma afirmou que não havia sido integralmente uma "Dilminha paz e amor", mas que tentou ser mais propositiva na medida do possível. "Fui uma 'Dilminha paz e amor' sempre que as condições me permitiram", afirmou, na ocasião.

A socióloga Fátima Pacheco Jordão, especialista em pesquisas e debates eleitorais, aponta que Dilma é favorita, por ter mostrado uma tendência de crescimento consistente nas últimas pesquisas de intenção de voto, mas que a diferença ainda é apertada e por isso talvez ela não possa se colocar integralmente como uma candidata tão "dócil". "Ela não deve aparecer com tanto ar de 'tranquilidade', porque a disputa está longe de estar ganha. Mas temos que reconhecer que a Dilma veio se saindo bem nos debates, diria até que melhor que a expectativa que se tinha do desempenho dela", disse Fátima.

Fátima acredita que o tucano, por sua vez, pode até trazer ataques, mas que não deve partir para o "tudo ou nada" nem para um tom de agressividade, pois é algo visto como apelativo pelo eleitorado, especialmente na reta final da campanha. "Aécio pode tirar alguma coisa positiva da cartola, como uma nova proposta ou um apoio, mas certamente não será uma denúncia de última hora porque elas não funcionam. O eleitor vê como oportunismo político."

Maria do Socorro também avalia que Aécio, pressionado nessa reta final, terá que fazer seus ataques, mas da forma menos agressiva possível. "Ele não vai atacar de forma muito agressiva, pois isso pode fazer ele perder voto. Mas acredito que se ele tiver uma carta na manga, um elemento surpresa, é ele que deve jogar com esse trunfo. Só que isso é futurologia", afirma.

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