Dilma prepara 'resgate fiscal' com futuro ministro

Posse da nova equipe econômica, com perfil diferente daquela que atuou no primeiro mandato de Dilma, deverá ocorrer nos próximos dias
Giovanna Torreão
Publicado em 26/11/2014 às 7:47
Posse da nova equipe econômica, com perfil diferente daquela que atuou no primeiro mandato de Dilma, deverá ocorrer nos próximos dias Foto: Foto: AFP


A presidente Dilma Rousseff se reuniu ontem com o futuro titular do Ministério da Fazenda, Joaquim Levy, a fim de acelerar a apresentação de um “pacote” de resgate da credibilidade fiscal do governo. A posse da nova equipe econômica, com perfil diferente daquela que atuou no primeiro mandato de Dilma, deverá ocorrer nos próximos dias. 

Levy, executivo do Bradesco, quer levar para o Tesouro Nacional a economista Eduarda La Rocque, em substituição a Arno Augustin. Presidente do Instituto Pereira Passos (IPP) da prefeitura carioca, Eduarda é formada na PUC-Rio, cuja escola de economia é símbolo da ortodoxia. Ela já foi casada com Edward Amadeo, ministro do Trabalho e secretário de política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso. Antes de assumir o IPP, comandou a Secretaria da Fazenda da gestão Eduardo Paes (PMDB) no Rio de Janeiro. 

Complemento

Mais dois nomes devem compor a nova equipe econômica de Dilma: Alexandre Tombini, que será mantido no comando do Banco Central, e Nelson Barbosa, que vai assumir o Ministério do Planejamento. Dilma planeja indicar Arno para a presidência da Itaipu Binacional. 

Nas áreas não econômicas, a presidente decidiu manter José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça e é provável que Arthur Chioro continue na Saúde. Curinga na equipe, o governador da Bahia, Jaques Wagner, pode ocupar Comunicações, no lugar de Paulo Bernardo. Miriam Belchior, atualmente no Planejamento, tem chance de ir para Minas e Energia, pasta hoje dirigida por Edson Lobão (PMDB) - que teve o nome envolvido na Operação Lava Jato. 

Aliados

Com cinco ministérios, o PMDB já começa a reclamar da perda de espaço na equipe. Nem a sigla e nem o PT gostaram da indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura. Na tentativa de contornar o mal-estar, a ordem no PT é dizer agora que Kátia Abreu vai dirigir um ministério para cuidar do agronegócio, enquanto os petistas manterão Desenvolvimento Agrário para fazer a reforma no setor. 

Mas sem ter um contra-argumento convincente, e receoso de prejudicar nomes preferidos pela cúpula do partido para a Esplanada, o PMDB decidiu não mais brigar contra o convite da presidente a Kátia Abreu. A partir de agora, o partido vai esquecer Kátia e lutar para fazer do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), o novo ministro do Turismo, além de influenciar na nomeação do deputado Elizeu Padilha (RS) para algum lugar na equipe do governo. 

O partido quer manter ainda o ministro Moreira Franco à frente da Aviação Civil, além de, quando for a hora, dizer a Dilma que seria bom para a manutenção da base aliada e para a governabilidade as escolhas do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM) para algum ministério. Estes dois últimos disputaram os governos de seus Estados e perderam a eleição. Esperam ser compensados pela fidelidade. 

Dilma, porém, já deixou claro que não deseja abrigar derrotados, à exceção do senador e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria Armando Monteiro (PTB), que disputou o governo de Pernambuco, perdeu no 1.º turno e acabou com a pasta da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior. É uma forma de se aproximar dos setores produtivos, argumento também para o convite a Kátia Abreu, que é presidente da Confederação Nacional da Agricultura.

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