O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu à diligência solicitada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, relacionada ao inquérito em que o deputado é alvo no STF (Supremo Tribunal Federal).
O alvo foi o departamento de informática da Câmara. A Procuradoria-Geral da República solicitou registros do sistema de informática da Casa relacionados a Cunha. Além de servidores da PGR, também participaram da diligência dois peritos de informática do órgão.
Eles estiveram na Câmara entre o fim da tarde de segunda-feira (4) e início da madrugada de terça (5). O resultado da diligência foi encaminhado ainda na terça ao Supremo.
"Não precisava ter feito nenhum tipo de procedimento. Bastava ter mandado ofício que estaria plenamente à disposição", criticou Cunha nesta quarta-feira (6). "São circunstâncias que mostram o desespero do procurador de tentar alguma coisa que possa tentar me incriminar", completou.
Como a Folha de S.Paulo revelou na semana passada, Cunha aparece como autor de dois requerimentos sob suspeita no esquema de corrupção da Petrobras. Ambos os documentos elaborados por Cunha pediam informações ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério de Minas e Energia sobre contratos da estatal com a empresa Mitsui.
De acordo com o doleiro Alberto Youssef, os requerimentos tinham como objetivo intimidar a empresa e forçá-la a retomar o pagamento de propina. A reportagem apurou que servidores da PGR estiveram na Casa e recolheram materiais para serem anexados ao inquérito em tramitação no STF. Para Cunha, a diligência na Casa foi resultado de uma "querela pessoal" de Janot. "Não há a menor dúvida disso", afirmou.
ACESSO CONTROLADO
Após a divulgação que aparece como "autor" dos arquivos em que foram redigidos os requerimentos sob suspeita no esquema de corrupção da Petrobras, Cunha afirmou ser necessário "normatizar e hierarquizar o acesso de todos que detêm nossas senhas".
O tema foi tratado em reunião da mesa da Câmara nesta quarta. Para o presidente da Casa, há certa "liberalidade" com o uso de senha dos congressistas. A intenção, então, é criar algum mecanismo que identifique quem usar a senha de um deputado para criar ou enviar documentos, por exemplo.
"Do jeito que a coisa está, qualquer coisa que um funcionário faz num gabinete pode gerar algum tipo de conclusão que não é cabível. É uma forma de segurança para todos. Hoje, por exemplo, minha senha é emitida pelos funcionários do meu gabinete, que fazem todas minhas movimentações, inclusive bancárias", disse.