Com a divisão no PSDB sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) adiou para o final de maio a decisão sobre o pedido de investigações contra a presidente. Não há consenso dentro do PSDB, nem em outros partidos da oposição, sobre a apresentação do pedido de impeachment neste momento.
Aécio adiou para a semana do dia 20 de maio a reunião com presidentes e líderes de partidos da oposição, marcada para esta quarta (6), em que o grupo prometeu tomar uma decisão formal sobre sobre o impeachment.
Oficialmente, Aécio afirmou em nota que os novos documentos e informações levantados pela CPI da Petrobras da Câmara provocaram o adiamento da reunião -assim como o fato de o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa ter apresentado sua defesa no Tribunal de Contas da União sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas.
Aécio disse que, na semana que vem, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), vai se reunir com o jurista Miguel Reale Júnior para discutir o parecer jurídico que está sendo elaborado pelo ex-ministro da Justiça para dar base ao pedido de impeachment.
O senador afirma que os "fatos novos" levantados pela CPI da Petrobras serão incluídos no parecer jurídico. Só depois do encontro de Sampaio com Reale Júnior é que o PSDB diz que vai realizar a reunião com a oposição.
"Em razão disso, a reunião dos líderes e presidentes de partidos de oposição, prevista para esta quarta, foi adiada para a semana seguinte à da reunião do líder do PSDB com o professor Reale, para que o jurista tenha tempo para analisar os novos dados", diz Aécio na nota.
Nos bastidores, porém, o PSDB recuou e deve propor ação penal contra Dilma Rousseff pelas pedaladas fiscais antes de enviar ao Congresso o pedido de impeachment. A informação foi revelada nesta quarta (6) pela Folha de S.Paulo. A ideia do partido é representar contra Dilma na Procuradoria-Geral da República na semana que vem.
Amparados pelo parecer do jurista, os tucanos entendem que a eventual condenação da presidente por crime de responsabilidade abre caminho para impeachment, mesmo por atos praticados no primeiro mandato.
Na semana passada, Aécio recebeu presidentes de partidos da oposição e deputados tucanos que pressionam o PSDB para pedir o impeachment de Dilma à Câmara. O presidente do partido conseguiu adiar a decisão por uma semana, transferindo para esta quarta a reunião com os presidentes das siglas oposicionistas.
O novo recuo do tucano foi motivado pela divisão dentro do PSDB relacionada ao pedido de investigações contra Dilma. Senadores do partido afirmam não ser o momento de pedir impeachment contra a presidente por não haver elementos legais que fundamentem o seu afastamento do cargo.
A bancada da Câmara dos Deputados, por outro lado, insiste na tese do impeachment e ameaça ingressar isoladamente com o pedido se não tiver apoio do PSDB.