Procuradores da Lava Jato afirmam que documentos entregues por um dos delatores da operação que investiga um esquema de corrupção na Petrobras demonstram que o grupo empresarial Odebrecht usou três empresas sediadas fora do Brasil para pagar propinas no exterior.
Com base nesses documentos, o Ministério Público pediu ao juiz federal Segio Moro a manutenção das prisões do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e do ex-executivo do grupo, Alexandrino Alencar, detidos na 14ª fase da Lava Jato, deflagrada no último dia 19.
Segundo o Ministério Público, os papéis foram entregues às autoridades por Rafael Angulo Lopez, que trabalhou como emissário do doleiro Alberto Youssef, também delator.
Lopez afirmou em sua colaboração premiada que, entre 2008 e 2012, visitou escritórios da Odebrecht a mando de Youssef para buscar e levar comprovantes de transações financeiras feitas no exterior. O delator disse que esses papéis foram entregues a ele pelo então executivo do grupo, Alexandrino Alencar.
Os documentos indicam transferências bancárias feitas por três empresas sediadas no exterior, intituladas Trident Inter Trading, Klienfeld Services e Intercorp Logistic.
A partir da identificação dessas empresas, os procuradores fizeram um levantamento de pagamentos que elas realizaram no exterior em favor de ex-diretores da Petrobras acusados de receber propinas do esquema de corrupção.
O cruzamento de dados levou à conclusão de que essas companhias offshore repassaram no total US$ 4,8 milhões aos ex-dirigentes da estatal Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Renato Duque, segundo o Ministério Público.
Ainda segundo os procuradores, esses fatos comprovam que Alencar, a mando de Marcelo Odebrecht, usava as três empresas fora do Brasil para pagar propinas a dirigentes da Petrobras.
OUTRO LADO
A Odebrecht nega ter praticado os crimes apontados pela Procuradoria, e qualifica as alegações de Lopez de "acusações caluniosas feitas por réu confesso".
A companhia também "nega ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer executivo ou ex-executivo da Petrobras", segundo nota de sua assessoria de imprensa.
A reportagem ainda não conseguiu contato com Alexandrino Alencar ou sua defesa.