Numa derrota do governo, o Senado adiou para agosto a votação do pacote de propostas que promovem mudanças na legislação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Sem acordo, inclusive com aliados da presidente Dilma Rousseff, os senadores decidiram deixar a análise do pacote para depois do recesso parlamentar, que começa na segunda (20), mesmo após apelos do ministro Joaquim Levy (Fazenda).
O governo esperava a votação de pelo menos duas propostas antes do recesso: a resolução que unifica as alíquotas interestaduais do ICMS e o projeto que regulariza o dinheiro não declarado de brasileiros no exterior. As duas tramitam no Senado.
O plenário do Senado aprovou nesta quinta (16) apenas a urgência para a votação do projeto da repatriação dos recursos que estão no exterior, mas o texto será analisado somente no segundo semestre.
Levy chegou a dialogar com líderes da oposição antes da votação, pedindo sua aprovação, mas não conseguiu sensibilizar os senadores.
"Nós não vamos entregar a resolução do ICMS sem um sinal claro de como será a convalidação dos incentivos. Só aceitamos votar o pacote completo, o que vai acontecer no início de agosto", disse o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB).
Além da unificação das alíquotas, o pacote do ICMS prevê a criação de fundos de compensação para os Estados que tiverem perdas com a mudança, a garantia de recursos para os fundos e a convalidação dos incentivos.
Um projeto de lei que permitiria, via o pagamento de um "pedágio", a repatriação de recursos não declarados à Receita Federal também é considerada essencial ao governo para recuperar o caixa em meio à crise financeira.
Na noite desta quarta (15), o governo sofreu derrota ao não conseguir aprovar urgência para votar o projeto. A estratégia esbarrou no baixo quórum de congressistas aliados do governo Dilma Rousseff.
Dos 41 senadores necessários para analisar o texto, só 35 estavam presentes. Entre os ausentes, estava o líder do governo no Congresso, José Pimentel (CE).
A aprovação ocorreu somente nesta quinta, após acordo com a oposição, sob a condição de que o mérito da proposta será analisado somente em agosto.
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) votou contra e acusou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de manobrar para aprovar o pedido de urgência durante sessão extraordinário do Senado -enquanto a votação deveria ocorrer apenas em sessão ordinária.
Para ser apreciado de forma acelerada, o projeto de repatriação de recursos de brasileiros no exterior também foi anexado a outra proposta em tramitação na Casa, que já estava pronta para ser votado em plenário.
"É uma sinalização de que não estamos contra por estar contra. Mas queremos aguardar para que as coisas andem concomitantemente", afirmou Renan.
"Nenhum dos partidos joga no quanto pior, melhor. Temos consciência que as finanças públicas estão com dificuldades e há necessidade de recursos suplementares para fazerem o caixa da União minimamente sobrevivente. Mas vamos discutir em um segundo momento", completou o presidente do DEM, José Agripino Maia (RN).