A Procuradoria-Geral da República enviou nesta quinta-feira (21) um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contrário à reabertura das investigações contra o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) no âmbito da Lava Jato. O pedido, feito pela Polícia Federal, se baseia em novos documentos que mostram o pagamento feito pelo Estado de Minas Gerais às empresas OAS e UTC.
O tucano chegou a ser incluído em um dos inquéritos por suspeita de lavagem de dinheiro. A investigação formal foi instaurada em março de 2015, depois que o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca, afirmou em depoimento que entregou, em 2010, R$ 1 milhão a mando do doleiro Alberto Youssef a uma pessoa que parecia ser o senador. Youssef negou a versão do policial.
Sem indícios para continuar as investigações, o processo foi arquivado em outubro pelo ministro relator da Lava Jato no Supremo, Teori Zavascki. Caberá também ao ministro decidir pela reabertura ou não do inquérito, o que deve acontecer apenas após o fim do recesso do Judiciário, em 1º de fevereiro. A praxe no Supremo é que os ministros acatem os pareceres da PGR a respeito das investigações.
Os elementos apresentados pela Polícia Federal após o arquivamento do inquérito apontam que o imóvel usado por Oliveira Filho para fazer o suposto repasse a Anastasia era uma casa cujos donos teriam "vínculos estreitos" com o PSDB de Minas, com Anastasia e também com o senador Aécio Neves.
De acordo com a PF, Euler Pereira, proprietário da suposta residência usada para pagamento indevido, era funcionário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Além disso, as autoridades apontam que o Estado de Minas efetuou pagamentos sistemáticos à OAS e UTC. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, destacou que Pereira já morreu e a dificuldade de levantar informações sobre esses supostos repasses.