O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), confirmou que o doleiro Leonardo Meirelles custeou, com recursos próprios, sua ida a Brasília nesta quinta-feira (7), para depor como testemunha de acusação no processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no colegiado.
Araújo disse ter feito pedido de custeio da viagem de Meirelles à presidência da Câmara, no dia 31 de março, mas não obteve resposta. "Não respondeu, não deu nenhuma notícia, nem que sim, nem que não", disse. Segundo o presidente do Conselho, esse é um "fato inédito". "Sou presidente pela terceira vez e nunca pedi à logística para trazer uma testemunha e não fui atendido", disse
José Carlos Araújo afirmou que vai pedir ressarcimento à presidência da Câmara das despesas com a viagem do doleiro. "Não é justo. (...) O que querem é que as testemunhas falem o que eles querem e não o que as testemunhas tem a falar", disparou.
O deputado disse que somente ontem, às 15h03, Cunha despachou o pedido de custeio à primeira vice-presidência, que não deu nenhuma resposta.
O doleiro se encontrava no plenário por volta das 10h desta quinta e deve começar a falar em breve. Ele faz parte do rol de testemunhas sugeridas pelo PSOL e Rede, partidos que apresentaram a representação contra o peemedebista no colegiado em outubro do ano passado, e que devem ser ouvidas na fase de instrução probatória (coleta de provas e depoimentos) do processo de Cunha. Essa fase começou no dia 22 de março e pode durar até 40 dias.
O doleiro diz ter provas de que o lobista Júlio Camargo transferiu pelo menos US$ 5 milhões em propina para uma conta secreta de Cunha na Suíça. O dinheiro seria o pagamento pelo peemedebista ter ajudado empresas coreanas e japonesas a fecharem contratos de navios sonda com a Petrobras em 2006 e 2007. O presidente da Câmara nega.