Com críticas ao sistema político e ao presidencialismo de coalizão, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) defendeu nesta quinta-feira(12) a aprovação do parecer pela admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o tucano, apesar das falhas do atual modelo político brasileiro, Dilma “pavimentou passo a passo” o caminho que a está levando para o afastamento do governo.
Também presente no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Jereissati disse haver um elemento comum entre os dois processos: o “fracasso do modelo político”. “A atual crise, assim com a que levou ao impeachment do ex-presidente Collor, é resultado, entre outras razões, das imperfeições graves do nosso sistema político”.
O tucano considerou “constrangedor” votar, pela segunda vez em menos de um quarto de século, no impeachment de presidentes da República, contudo, enalteceu a solidez das instituições. Para Jereissati, finalizado o processo do impedimento de Dilma, o Congresso tem o dever de propor e aprovar mudanças no modelo político, a começar pela multiplicidade de partidos e o “anacrônico” sistema de eleição proporcional.
“Essa sistemática tem gerando, ao longo dos tempos, enormes e irremediáveis prejuízos ao nosso país. Para atender a esses interesses [dos partidos], o governo tem que recorrer à famigerada prática do ministério de porta fechada. Isso gera, inevitavelmente, a fragmentação e descontinuidade das políticas públicas”.
Apesar de reconhecer as falhas dos sistemas políticos, Tasso Jereissati considerou que Dilma praticou atos que justificam o impeachment. “A constatação da realidade não exime de culpar a presidente da República. Ela conhece muito bem os meandros do sistema, assim como conhece seus personagens. Ninguém mais do que a presidente da República dispõe dos elementos para transformar o modelo. Dilma não apenas cedeu ao sistema, pior que isso, tirou beneficio dele, permitiu a continuidade dessa prática em troca de se manter no poder”, disse o tucano.
“O nosso dever, por mais doloroso que seja, é de julgar uma presidente da República que não cumpriu com seus deveres. Se é verdade que foi legitimamente eleita, é inegável que ela própria forneceu todos os motivos para ser legalmente impedida. Pavimentou, passo a passo, seu caminho até aqui”.