O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição deste ano vai estimular candidaturas ao Planalto.
O sr. será candidato?
Alguns amigos, partidos, acham que eu poderia colocar meu nome. Eu acho que, se ao longo do tempo essa hipótese virar em algum apoio de fato na sociedade posso discutir isso mais à frente.
Chegou a dizer que precisava alcançar 7% de intenção de voto para se lançar candidato...
Mas isso foi só um chute. Não é isso, precisa é de um projeto que garanta uma transformação para o País. O mundo está vivendo uma revolução tecnológica e o Brasil não pode ficar fora disso. A gente precisa de um projeto que tenha isso como base, que a gente possa aproveitar toda essa revolução em benefício da sociedade. E acho que isso a gente tem condição de fazer, algum candidato precisa representar isso. E eu quero fazer parte, acho que é um projeto que tem relação com a minha geração. Agora, quem é o nome? Vamos construir um pouco mais na frente, agora é cedo para tratar disso.
Como o sr. avalia a condenação em segunda instância do ex-presidente Lula no cenário eleitoral?
A questão jurídica está decidida, a política é do PT, não é nossa. O presidente Lula tem a força dele, é claro, disputando ou não ele terá um peso importante nas eleições, mas menor na minha avaliação.
Por que menor?
Acho que por falta de uma candidatura de oposição a ele definida - os nomes ainda estão desconhecidos - ele acaba ficando num patamar de intenção de votos maior do que ele terá se for candidato ou terá para transferir. Então, é claro que ele tem muito apoio, mas acho que esse apoio está distorcido.
A esquerda divida atrapalha Lula?
Acho que sem ele o quadro (eleitoral) ficará mais pulverizado no campo dele ou no outro.
Como responde à reportagem publicada pelo jornal O Globo sobre visita sua à sede da Odebrecht no dia em que seu pai, Cesar Maia, teria recebido doação da empresa?
É um absurdo isso. Ninguém falou que eu tinha ido buscar dinheiro. Inventaram a tese de que fui pegar dinheiro, não tem nada disso, não é verdade. O escritório que eles dizem também que vão não era nosso, não tinha ninguém nosso naquela época. Então são contradições uma atrás da outra.
Mas houve o depósito no dia?
Não. O que estão dizendo é que eu fui na Odebrecht e me deram recursos. Não recebi recurso nenhum da Odebrecht, de caixa 2. O que recebi foi uma doação de duas empresas ligadas à Odebrecht e está tudo registrado. O que foi doado está registrado e não tem nenhuma, nenhum dos delatores, mesmo falando mentiras, falou em nenhum momento que eu fui à Odebrecht tratar disso.
Esse caso pode atrapalhar suas pretensões eleitorais?
Sempre atrapalha, mas acho que as nossas explicações, a nossa transparência e o andar do inquérito vão provar que essas informações são contraditórias, não são verdadeiras e o inquérito vai ser arquivado.
O presidente Temer iniciou ofensiva pela aprovação da reforma da Previdência, concedendo entrevistas a programas populares de rádio e TV. Isso ajuda?
Quanto mais pessoas falando, e o presidente da República, é claro, sempre ajuda a mostrar a importância que a reforma tem, explicando aquilo que está se propondo: criar um sistema igual para o setor público e o setor privado, sem distorções, o que é uma demanda muito grande da sociedade. Então, a participação ativa do governo é fundamental.
O sr. havia colocado como prazo para a aprovação da reforma o fim de fevereiro. Mantém esse prazo? Como está a contabilidade dessa votação?
Agora é que vai começar a parte mais intensa na Câmara, conversando com cada um dos deputados e deputadas. Eu não tenho muita noção do número, mas acho que, trabalhando de forma conjunta com os líderes de partidos, temos chance de chegar lá (aos 308 votos necessários para a aprovação da proposta de emenda constitucional). Vamos chamar um a um, olhar olho no olho, mostrar aos deputados qual vai ser o impacto para a vida do cidadão simples. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.