A pesquisa Datafolha divulgada no último fim de semana demonstrou que o presidente Michel Temer (MDB) segue com patamares baixíssimos de popularidade em todo o País. De acordo com o levantamento, em todos os cenários em que aparece como candidato, as intenções de voto para o emedebista oscilam entre 1% e 2%. Quando questionados se votariam em um candidato apoiado por Temer, 86% dos entrevistados responderam que não. No Nordeste, esse número chega a 90%.
No grupo Pernambuco Quer Mudar, que faz oposição ao governador Paulo Câmara (PSB), a maior parte dos integrantes ou foi ou é aliado de Temer. É possível dizer, então, que eles serão prejudicados eleitoralmente por isso? Segundo cientistas políticos consultados pelo JC a resposta é: depende.
Para o cientista político Ernani Carvalho, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a rejeição do eleitor pelo presidente não migrará instantaneamente para pessoas que fizeram parte do seu governo. O estudioso pondera, contudo, que caso passem a receber apoio direto de Temer, como em vídeos, por exemplo, é possível que os candidatos afastem eventuais eleitores que estejam insatisfeitos com a gestão do emedebista.
“Quando o Michel Temer assumiu a Presidência no lugar de Dilma (Rousseff, PT), ele comprou o bônus de governar mais o ônus de ser identificado com um governo que travou o desenvolvimento econômico, levou milhões de pessoas ao desemprego etc. Essa associação, porém, está muito focada na pessoa do presidente ou na de quem ele vai indicar à sua sucessão. Não creio que para uma eleição sub-nacional haveria um impacto tão negativo, a não ser que o candidato peça que o presidente faça um vídeo apoiando sua candidatura, o que não deve ocorrer”, avaliou Carvalho.
Professor de Ética Política da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Romano enxerga o quadro de maneira distinta. De acordo com o especialista, estar atrelado a um governo com níveis tão baixos de popularidade pode se mostrar um verdadeiro tiro no pé. “Até hoje, estar com o governo era muito importante para as regiões, para os oligarcas regionais. Mas, a partir do momento que o governo está nessa situação, praticamente falido politicamente, não há muito futuro em apoiá-lo”, comentou.
O PSB, pelo visto, pensa como Romano. Já há algum tempo, a estratégia dos socialistas tem sido reforçar a imagem dos membros da oposição como a “turma do Temer”, alegando que eles teriam apoiado todas as ações e reformas implementadas pelo presidente, muitas delas de perfil extremamente impopular.
Mas, entre os líderes do movimento oposicionistas, há pelo menos o senador Armando Monteiro (PTB) fiel ao ex-presidente Lula. O único que defende abertamente o governo Temer é o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), que ainda briga pelo comando do próprio partido em Pernambuco.
Os deputados Bruno Araújo (PSDB) e Mendonça Filho (DEM) foram ministros. O tucano deixou o governo desde o ano passado, enquanto o democrata saiu no início deste mês. Os dois partidos tem pré-candidatos à Presidência da República no momento: o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o atual presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia.