Patrimônio de Flávio Bolsonaro aumentou antes de ele se tornar empresário

O senador eleito citou atividade como empresário para explicar crescimento financeiro, mas só declarou empresa em 2015
JC Online
Publicado em 22/01/2019 às 8:12
O senador eleito citou atividade como empresário para explicar crescimento financeiro, mas só declarou empresa em 2015 Foto: Foto: AFP


Em entrevista exibida no último domingo na Record, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou que não vive apenas do seu salário como deputado, e que a maior parte dos seus rendimentos vem dos negócios. Seu patrimônio, no entanto, foi construído antes de se declarar empresário, de acordo com informações cartoriais, da Justiça Eleitoral e da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

As informações são do jornal Folha de São Paulo.

O ainda deputado estadual é sócio da Bolsotini Chocolates e Café Ltda, uma franquia da Kopenhagen no Via Parque Shopping, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. De acordo com a Receita Federal, a empresa foi aberta em 7 de janeiro de 2015 e tem mais um sócio. Essa foi a única atividade empresarial declara por Flávio desde 2002, quando ingressou na política.

Até o ano passado, o filho do presidente Jair Bolsonaro havia feito ao menos 20 transações imobiliárias em 14 anos, entre compras, vendas e permutas. A venda de imóveis foi a justificativa dada pelo senador eleito sobre as movimentações suspeitas detectadas pela Coaf envolvendo na conta.

A maior parte das aquisições de Flávio ocorreu antes de 2015, segundo dados de cartório. Em alguns casos, o parlamentar fez dívidas e só as quitou depois, quando já tinha a loja. A assessoria da Kopenhagen afirmou que "o retorno do investimento aplicado ocorre de dois a três anos após o início das atividades". Ou seja, se o senador eleito abriu seu negócio em 2015, o retorno só começaria a chegar em 2017 ou 2018.

Segundo a Folha de S. Paulo, pessoas familiarizadas com esse tipo de franquia informaram que o faturamento bruto, sem o desconto de impostos e outras despesas, é de cerca de R$ 60 mil ao mês. Oficialmente, a Kopenhagen não divulga faturamento dos seus franqueados.

Além disso, a empresa informou que para a aquisição de uma franquia nos moldes da de Flávio é cobrada uma taxa de R$ 45 mil, além de investimento de R$ 350 mil e mais R$ 100 mil de capital de giro.

Uma reportagem da revista Piauí, publicada em setembro de 2016, relata que o então deputado estadual entregou um cartão de sua filial na Barra da Tijuca e chamou a atividade de plano B. "A gente nunca sabe quanto tempo vai permanecer na política, é importante ter um plano B", afirmou.

Ao entrar na vida pública, em 2002, na sua primeira declaração constava apenas um carro Gol 1.0 declarado por R$ 25,5 mil. Na mais recente, feita para as eleições de 2018, Flávio disse ter um patrimônio de R$ 1,74 milhão, considerando o fato de que ele diz ser dono de apenas 50% dos imóveis por ser casado em regime de separação de bens.

Imóveis

As duas últimas grandes aquisições mobiliárias do senador eleito - um apartamento no bairro de Laranjeiras e outro na Barra da Tijuca, ambas áreas caras - ocorreram antes de 2015. Os dois imóveis foram registrados ao custo de R$ 4,2 milhões. Para as duas compras, Flávio pediu empréstimos, sendo um na Caixa e outro no Itaú.

Segundo o parlamentar, a dívida de R$ 1 milhão com a Caixa foi quitada em 2017. O valor foi detectado em relatório do Coaf, divulgado pela TV Globo no Jornal Nacional, sobre movimentações atípicas na conta do filho do presidente. Segundo a reportagem, o valor foi pago na compra de um título. O órgão não identificou a data exata e o beneficiário. Flavio não explicou a origem do dinheiro pago ao banco.

Após 2015 - ano em que abriu sua franquia da Kopenhagen - documentos de cartório mostram que Flávio fez apenas uma permuta e uma venda, quando se desfez do imóvel das Laranjeiras em troca de um na Urca e uma sala comercial na Barra da Tijuca, além de receber o valor de R$ 600 mil na operação. Em maio de 2018, o apartamento na Urca foi vendido por R$ 1,1 milhão.

Flávio Bolsonaro não quis se manifestar sobre a reportagem.

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