O vereador David Miranda (PSOL-RJ), de 33 anos, vai assumir a vaga deixada por Jean Wyllys (PSOL-RJ) na Câmara. Assim como o parlamentar que anunciou nesta quinta-feira (24) que desistirá do mandato, Miranda, casado há 14 anos com o jornalista americano Glenn Greenwald, carrega a bandeira LGBT. A seguir trechos da entrevista concedida por Miranda.
Quando o sr. soube da decisão de Jean Wyllys de desistir do mandato?
Fiquei sabendo hoje. Fiquei muito triste, mas é totalmente compreensível. Há menos de onze meses, uma companheira de partido (vereadora Marielle Franco) foi assassinada brutalmente e até hoje a gente não tem resposta. O Jean sempre recebeu muitas ameaças e foi muito assediado, tanto no Congresso como nas ruas. Eu sofri bastante com LGBTfobia, mas não nesse nível que o Jean recebia por causa de fake news que faziam sobre ele. Mas ele sai como uma figura bastante fortalecida da política nacional. Deixa um legado, porque foi o primeiro deputado federal assumidamente LGBT que lutou pelas nossas pautas.
Qual deve ser o trabalho do senhor e do PSOL nesta nova legislatura da Câmara?
Não dá para saber como vão ser as configurações desse novo governo lá (no Congresso), mas estarei pronto para trazer o meu melhor. Nos últimos dois anos, aqui no Rio, fui um dos parlamentares que mais aprovaram leis. Vou levar minha juventude, minha garra.
A oposição terá dificuldade de atuar na Câmara?
Acho que vamos ter dificuldade para fazer diversas atuações, mas temos experiência. Temos uma galera que sabe utilizar as comissões, pedir vista. Sabemos fazer a nossa parte. Ser oposição não me impediu (na Câmara Municipal) de passar um monte de leis na cidade nem de demonstrar erros da administração (local). O fato de estarmos em menor número não quer dizer que a gente não saiba ter diálogo e movimentar as massas.
Em seu perfil no Twitter, o vereador disse que iria "com tudo para Brasília".