O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (REDE-AP), anunciou, nesta segunda-feira, 18, que vai transformar em "convite" os pedidos de convocação para que o ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno, exonerado há pouco, dê explicações no Senado Federal sobre o caso das supostas candidaturas laranjas em 2018. Como não é mais ministro, Bebianno não pode mais ser obrigado a falar no Senado e teria que aceitar ir ao Parlamento por iniciativa própria.
Os convites para que ele faça esclarecimentos sobre os episódios que envolvem sua demissão serão protocolados nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e a de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle (CTFC). A aprovação desses convites, por maioria de votos, não significa que Bebianno precisará comparecer ao colegiado.
"A melhor forma do senhor Bebiano se redimir pelos seus malfeitos é comparecer ao Senado e abrir o jogo, sem permitir que sua exoneração sirva pra varrer a sujeira para debaixo do tapete", disse Randolfe.
"Precisamos saber como foi o financiamento de campanha dos candidatos do PSL e do próprio presidente da República. Essas informações não podem ser prestadas em 'off' para a imprensa ou ficar num bate boca de redes sociais. Esse episódio não será superado com a exoneração. O ministro (Bebianno) fez graves acusações ao presidente e ele próprio tem explicações a dar", complementou.
Bebianno pode ser um dos alvos de um inquérito, aberto pela Polícia Federal, para apurar suspeitas de desvios de recursos do Fundo Partidário destinados ao PSL por meio de supostas candidaturas laranjas nas eleições de 2018. Bebianno presidiu o partido durante o período eleitoral.
Randolfe também disse ficará evidente que o governo cede à chantagem política se vier a oferecer algum cargo para Bebianno, após toda a polêmica envolvendo sua demissão. Isso porque foi ventilada a possibilidade do agora ex-ministro assumir a representação de alguma embaixada brasileira na Europa, por exemplo.
Por fim, o senador da Rede Sustentabilidade disse que a saída do titular da Secretaria-Geral deve afetar a votação das reformas importantes para o governo, como a da Previdência. "Bebianno era um dos poucos com interlocução no Congresso. A saída dele é uma queda forte na articulação", explicou.