Investigado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por movimentações atípicas de R$ 1,2 milhões, Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), se pronunciou oficialmente pela primeira vez em depoimento por escrito ao Ministério Público. Segundo informações do jornal Estado de S. Paulo, no documento ele afirma que fazia o "gerenciamento" dos valores recebidos por servidores de Flávio, na época deputado estadual, e coordenava "os trabalhos e demandas" para expandir as redes de contato e de colaboradores do parlamentar.
Segundo Queiroz, no entanto, seus superiores não tinham conhecimento da sua atuação. Ele conta que, por ter confiança e autonomia dadas por Flávio Bolsonaro, agia sem precisar das satisfações ao filho do presidente sobre a "arquitetura interna de mecanismo que criou". Queiroz afirma que nomeava assistentes no gabinete por considerar que a melhor maneira de "intensificar a atuação política seria a multiplicação dos assessores da base eleitoral".
A assessoria de Flávio Bolsonaro afirmou ao jornal O Globo que não irá se manifestar sobre o depoimento do ex-assessor.
Sobre a movimentação de R$ 1,2 milhões detectadas pelo Coaf como atípicas, Queiroz alega que metade do valor veio de depósitos realizados por familiares, e que há duas origens econômicas "inteiramente lícitas" desses créditos.
Uma delas seria uma já mencionada em entrevista ao SBT, em dezembro de 2018, quando disse que revendia carros. Ao MP-RJ, o ex-assessor afirma que desempenhava atividades informais como segurança particular e intermediador de imóveis, e que fazia compra e venda de eletroeletrônicos e vestuários.
A outra seria justificada na ideia de "ser pai de família grande" e que "insiste em administrar o essencial das finanças do seu núcleo familiar", por ser conservador. Dessa forma, recebia em sua conta os rendimentos de trabalho da sua mulher e de seus filhos.