'Não foi crítica ao governo', diz autor de texto compartilhado por Bolsonaro

Segundo ele, a mensagem não era uma crítica nem ao governo nem ao Congresso, mas sim a pessoas com ''influência no orçamento público''
Estadão Conteúdo
Publicado em 18/05/2019 às 12:17
Segundo ele, a mensagem não era uma crítica nem ao governo nem ao Congresso, mas sim a pessoas com ''influência no orçamento público'' Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR


O analista da Comissão de Valores Mobiliários Paulo Portinho assumiu a autoria do texto divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro, no qual destaca pressões de várias "corporações" do Poder. Segundo ele, a mensagem não era uma crítica nem ao governo nem ao Congresso, mas sim a pessoas com "influência no orçamento público".

"Não foi crítica ao governo nem ao Congresso. A única coisa que quis dizer no texto é o que está acontecendo no Brasil, mas não só agora. A impressão que temos é de que as pautas que vão para a eleição só são implementadas se interessam às corporações", afirma Portinho. "Quando falo corporação, não estou generalizando, mas sim falando de pessoas que têm muita influência sobre o orçamento público", afirmou o analista, que foi candidato a vereador em 2016 pelo Novo.

Publicado por Portinho em seu perfil pessoal no Facebook na manhã do último sábado, 11, o texto repercutiu nas redes sociais após Bolsonaro distribuir a mensagem a diversos grupos pelo WhatsApp nesta sexta. Ao compartilhar o texto, o presidente escreveu: "Um texto no mínimo interessante. Para quem se preocupa em se antecipar aos fatos sua leitura é obrigatória. Em Juiz de Fora (06/set/2018), tive um sentimento e avisei meus seguranças: Essa é a última vez que me exporei junto ao povo. O Sistema vai me matar. Com o texto abaixo cada um de vocês pode tirar suas próprias conclusões."

Apesar da publicação ter chegado ao Planalto, Portinho afirma não ter vínculos nem conhecer ninguém ligado a Bolsonaro. Defensor de uma pauta liberal na economia, o analista disse ter escrito a análise para comentar sua visão sobre acontecimentos envolvendo a política brasileira, incluindo também os governos FHC, Lula e Dilma.

"A gente vota em uma pauta liberal, mas a impressão que ficamos é que nada do que se fala nas campanhas pode sair. Quando você vê a história do Brasil, a história que se tem é que o que se discute na eleição não é exatamente o que dá pra governar", disse Portinho. "E com um governo que tem tantas dificuldades de relacionamento como o governo Bolsonaro, isso fica mais evidente, os atritos são maiores."

"A única coisa que espero, um objetivo pessoal, é que os três Poderes atinjam o nível máximo de racionalidade que eles possam ter. Se não sair a pauta do Bolsonaro, que saia a pauta do Congresso, mas que seja uma pauta que leve o Brasil adiante", afirmou.

Autor de texto foi candidato a vereador pelo Novo

Formando em Engenharia e mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), Portinho foi candidato a vereador em 2016 pelo Partido Novo, ao qual se filiou em 23 de dezembro de 2012, segundo base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O analista continua filiado ao partido, mas afirma não participar das discussões políticas da sigla.

No pleito daquele ano, Portinho declarou R$ 883,9 mil em bens e teve a candidatura deferida pela Justiça Eleitoral. Durante a campanha, recebeu duas doações de R$ 500 do diretório municipal do Novo para serviços de consultoria em advocacia e contabilidade. Ao todo, recebeu 602 votos.

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