As manifestações em defesa do presidente Jair Bolsonaro marcadas para o próximo domingo (26) estão sendo organizadas por grupos dissidentes das principais organizações que comandaram o movimento pelo impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff e apoiaram Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018.
A esses movimentos, articulados majoritariamente pelo WhatsApp, se soma uma rede de influenciadores digitais alinhados com o clã Bolsonaro e com o núcleo ideológico do governo, que tem o escritor Olavo de Carvalho como principal referência.
Enquanto os dois principais grupos anti-Dilma de 2015 - o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua - se afastaram de Bolsonaro e adotaram bandeiras institucionais como a reforma da Previdência, outros de matriz mais radical mantiveram o discurso antiesquerda que pautou a eleição presidencial e os discursos.
Para evitar o isolamento, as pautas do dia 26 são difusas: defesa do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro (Justiça), CPI da Lava Toga e reforma da Previdência. O que prevalece, porém, é uma retórica contra a classe política, que é acusada de conspirar para derrubar o presidente. O Centrão, que será crucial na aprovação de projetos de interesse do governo no Congresso, se tornou alvo principal da rede bolsonarista.
Segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, os principais grupos à frente dos atos do próximo domingo são Avança Brasil, Consciência Patriótica, Direita São Paulo e Movimento Brasil Conservador. Além deles, dezenas de outros grupos menores atuam nas redes sociais.
Em número de seguidores, nenhum deles supera o MBL, com 3,4 milhões no Facebook, nem o Vem Pra Rua, com 2,3 milhões. O grupo pró-Bolsonaro com mais seguidores é o Avança Brasil, com 1,5 milhão.
"Aqui tem olavetes, intervencionistas, católicos e templários. Todos queremos um Brasil melhor", afirmou a dona de casa e estudante Elizabeth Rezende, uma das líderes do Juntos pela Pátria, grupo que tem 12 mil seguidores.
Na manifestações de 2015 lideradas pelo MBL e o Vem Pra Rua, Elizabeth estava de verde-amarelo no meio da multidão. Em 2017, filiou-se ao PSL para disputar uma vaga de deputado estadual. Derrotada, passou a se dedicar ao grupo que hoje lidera.
Já o Direita São Paulo é mais antigo e estruturado. O grupo tem sede própria e terá um carro de som na Avenida Paulista, no ato de domingo. Além disso, tem discurso afinado com Bolsonaro e com o núcleo ideológico do governo. "Bolsonaro não tem de fazer acordos com o Centrão e a velha política em troca de favores", afirmou um dos líderes do grupo, Edson Salomão.
Outro movimento que se organiza para o dia 26 é o monarquista. Segundo o líder da Confederação Monárquica no Rio, Rodrigo Dias, o grupo vai reforçar o apoio ao pacote anticrime de Moro e à manutenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) na Justiça. Além disso, afirmou, terá espaço a "causa monárquica". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.