Após o encontro com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o colegiado do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), na manhã desta sexta-feira (24), governadores dos estados da Paraíba, Piauí e Bahia avaliaram que a reforma da Previdência não pode ser motivo para parar os investimentos no País. Segundo eles, o projeto não deixa de ser importante, mas que no Brasil existia problemas desde antes da matéria tramitar no Congresso Nacional.
"O Brasil tem um problema de crescimento desde antes da reforma da Previdência. Então, o crescimento do Brasil é a essência. Qualquer que seja a reforma da Previdência vai ser engolido pela recessão. Ou seja, você economiza de um lado e perde, por conta de perda de receita com o decréscimo econômico, como é o exemplo do primeiro trimestre de 2019", disse o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
O petista também relembrou que atualmente existe uma Previdência e que o tempo de transição para outra, caso ocorra a aprovação no Congresso. "Precisamos levar em conta que não estamos começando do zero a Previdência. Há um modelo e precisamos migrar para um outro, tem que ter um bom prazo de transição, tem que se respeitar um conjunto de efeitos sociais que tem em relação a mulheres, professores, policiais. Foi bom ter tirado aquilo que é social como o BPC. E agora, quem é o dono da cena é o Congresso Nacional", acrescentou Dias.
Para o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), não se pode unir a aprovação da Previdência com a ampliação de novos investimentos para os estados. Para ele, seriam duas questões diferentes. "São duas coisas diferentes. Uma coisa é o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste, onde nós pleiteamos e foi aprovado o Conselho uma parcela de 30% para financiamento. A questão da Previdência é uma outra lógica. A questão da Previdência não traz um impacto imediato na economia do País", explicou o socialista.
A gestor paraibano disse ainda que o impacto da reforma da Previdência não é sentido imediatamente, e sim, dentro de 10 a 15 anos. "A reforma da Previdência apresentada tem um impacto depois de 10 a 15 anos na economia. Ela pode criar até uma expectativa positiva em termos de investimento, mas ela não soluciona os problemas, as necessidades e nem tão pouco os déficits previdenciários dos estados. É isso que temos colocado diversas vezes em reuniões", completou João.
A opinião de Dias e João foi compartilhada pelo governador da Bahia, Rui Costa (PT). De acordo com ele, não é bom condicionar ações e investimento à reforma da Previdência, porque se assemelha a 'troca'. "Eu não gosto desse modelo de ficar condicionando ações e investimento à reforma da Previdência. Isso não é bom nem para a aprovação da reforma da previdência. Fica parecendo que você tá fazendo uma troca. E a previdência é algo tão importante para a nação, de tão longo prazo para o planejamento da vida das pessoas, que ela não pode ser permutada ou trocada por qualquer outra ação", afirmou Rui.
O que todos concordaram do Plano Regional de Desenvolvimento, lançado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), foi a aprovação do crescimento para R$ 4 bilhões do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Antes, a quantia era de R$ 2 bilhões. Entretanto, segundo o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, o dinheiro será liberado após a apresentação de propostas dos empresários.
"É um plano muito abrangente e o que sai de concreto é a proposta que os governadores fizeram dos 30% do Fundo do Desenvolvimento do Nordeste, será destinado para recursos de infraestrutura. Foi um elemento novo e aprovado. A escolha vai ter que passar pela análise do banco e também pela análise da Sudene. Os investimentos que devem priorizados são aqueles que integram a região e depois cada estado lutar pelo investimentos locais", disse João Azevedo.
"O plano trata da infraestrutura, daquilo que fortalece o potencial econômico que tem a região. O anúncio de aumento em relação ao fundo para R$ 28 bilhões e o acatamento é claro, junto ao Norte e ao Centro Oeste, vamos trabalhar para que seja através de uma medida provisória é pra ser mais rápido o acatamento da proposta que fizemos, por unanimidade, os nove estados do Nordeste, Minas Gerais e Espirito Santo", contou Welligton Dias.
O presidente se reuniu no Instituto Ricardo Brennand, complexo cultural da capital pernambucana, com 11 governadores. Todos da região estão presentes - Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Além deles, também foram convidados os governadores de Minas Gerais e Espírito Santo, abrangendo parte do Sudene. Parlamentares nordestinos, que cobravam a ida do presidente à região, também foram chamados.
Na primeira entrevista após assumir o cargo, Bolsonaro disse que os governadores nordestinos não deveriam pedir dinheiro a ele. "Não venham pedir nada para mim, porque não sou presidente. O presidente está lá em Curitiba", disse ele, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. Bolsonaro, porém, argumentou que não abriria uma guerra política para não prejudicar os eleitores. "Não posso fazer uma guerra com governador do Nordeste atrapalhando a população. O homem mais sofrido do Brasil está na Região Nordeste. Vamos mergulhar para resolver muitos problemas do Nordeste."
A viagem de Bolsonaro foi precedida de encontros com esses governadores. Em uma reunião recente em Brasília, ministros palacianos apelaram por mais apoio à reforma da Previdência. Argumentaram que, apesar das diferenças políticas, não era mais tempo de "palanque". Os governadores disseram entender a necessidade da reforma, mas cobraram proteção aos pobres do Nordeste.
Durante visita presidencial a Pernambuco, apoiadores e críticos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) foram às ruas da Capital para manifestar seus posicionamentos. O presidente desembarcou no Aeroporto Internacional do Recife na manhã desta sexta-feira (24) às 9h20 e seguiu para agenda no Instituto Ricardo Brennand, localizado na Várzea, Zona Oeste do Recife.
Em frente ao Instituto, dezenas de pessoas se aglomeravam. Munidos de faixas e cartazes vermelhos, os protestantes mais críticos ao presidente, dividiam o microfone para discursar e entoavam músicas do anos 70 e 80. Houve princípio de confusão, mas já foi contida.
O batalhão de Choque chegou ao local pouco depois. Do lado das manifestações de apoiadores, o grupo veste verde e amarelo e carrega bandeiras do Brasil. Além de também dividir o microfone para discursos.