Bolsonaro ouviu Moro sobre vazamento na manhã desta terça

Conversa entre presidente e ministro foi classificada como 'bastante tranquila'
Estadão Conteúdo
Publicado em 11/06/2019 às 16:47
Conversa entre presidente e ministro foi classificada como 'bastante tranquila' Foto: Foto: José Cruz/Agência Brasil


A primeira reunião entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o presidente Jair Bolsonaro após o vazamento que envolveu o ex-juiz da Lava Jato foi classificada como "bastante tranquila", oportunidade na qual Moro tratou com o chefe do Executivo sobre o vazamento de suposto conteúdo de mensagens trocadas por ele e procuradores da Lava Jato. As informações são de nota divulgada pela assessoria da Pasta comandada por Moro, segundo a qual Bolsonaro "entendeu as questões que envolvem o caso". O encontro ocorreu na manhã desta terça-feira, 11, no Palácio da Alvorada.

O comunicado afirma que o ministro fez "todas as ponderações ao presidente, que entendeu as questões que envolvem o caso". Na nota, a pasta menciona a situação como "invasão criminosa de celulares de juízes, procuradores e jornalistas", e informa que Moro "rechaçou a divulgação de possíveis conversas privadas obtidas por meio ilegal e explicou que a Polícia Federal está investigando a invasão criminosa". Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo no último domingo, 9, a Polícia Federal instaurou há cerca de um mês um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam nas forças-tarefa da Lava Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo.

Do encontro no Alvorada, Bolsonaro e Moro seguiram juntos, de lancha, para o Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília, que promoveu cerimônia de comemoração do 154º Aniversário da batalha naval do Riachuelo. Durante o evento, que contou com a presença de outros ministros de Estado, como da Economia, Paulo Guedes, Moro e Bolsonaro ficaram lado a lado. De acordo com interlocutores, a mensagem passada é de confiança do governo em relação ao ministro da Justiça.

Mais cedo nesta terça, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, postou em sua conta no Twitter uma série de textos que elogiam a atuação de Moro como juiz. "Sergio Moro ajudou muito a salvar o Brasil do projeto doente de poder do PT, do Foro de São Paulo e da esquerda mundial. Por isso querem atingi-lo. Não conseguirão. Nós, brasileiros de alma e coração, não permitiremos! Moro é um herói para os brasileiros", diz em uma das postagens. Onyx também afirma que o ministro da Justiça "é uma das pessoas mais corretas, capazes e éticas" que conheceu em Brasília. "Me sinto honrado de compartilhar com ele e cada um do time Bolsonaro a missão de mudar o Brasil", disse.

Ontem, a ala militar do governo já havia mostrado apoio ao ministro, com declarações dos ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, da Secretaria de Governo, Carlos Alberto Santos Cruz, e do vice-presidente, Hamilton Mourão. Nesta terça, o ex-comandante do Exército, general Villas Bôas - que é assessor de Heleno - postou em suas redes sociais texto que fala de "expresso respeito e confiança" em Moro, e chama de "preocupante" o momento, "porque dá margem a que a insensatez e o oportunismo tentem esvaziar a operação Lava Jato". Na postagem, Villas Bôas classificou a operação como a "esperança para que a dinâmica das relações institucionais" no País "venham a transcorrer no ambiente marcado pela ética e pelo respeito ao interesse público".

No domingo, 9, o site The Intercept Brasil divulgou o suposto conteúdo de mensagens trocadas por Moro e procuradores. As conversas mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato por meio de mensagens trocadas no aplicativo Telegram. Ontem, em viagem a Manaus, o ministro da Justiça afirmou que não via "nada de mais" sobre as mensagens.

Nota do Ministério da Justiça e Segurança Pública

"O ministro da Justiça Sergio Moro esteve reunido na manhã de hoje com o presidente Jair Bolsonaro quando falaram sobe a invasão criminosa de celulares de juízes, procuradores e jornalistas. O ministro rechaçou a divulgação de possíveis conversas privadas obtidas por meio ilegal e explicou que a Polícia Federal está investigando a invasão criminosa. A conversa foi bastante tranquila. O ministro fez todas as ponderações ao presidente, que entendeu as questões que envolvem o caso".

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