Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), ficaram frente a frente ontem de novo, pouco mais de três meses depois de se conhecerem na Casa Branca. A pauta da reunião tratou de Venezuela, China e entrada do Brasil na OCDE.
Ao falarem da crise na Venezuela, um dos tópicos foi a maneira de asfixiar economicamente o regime de Nicolás Maduro - o que os EUA vêm tentando fazer por meio da imposição de sanções. Segundo o porta-voz da presidência, general Otávio Rêgo Barros, os dois líderes debateram possibilidades de pressão contra países que financiam o governo Maduro e citaram especificamente Cuba como exemplo.
"Num conceito mais amplo, que é de se imaginar que, por meio da pressão econômica, nós vamos conseguir viabilizar a democracia na Venezuela, poderá, eventualmente, ser analisada alguma ação para que haja a desidratação do suporte de atores que possam introduzir algum suporte econômico na Venezuela", disse.
O presidente americano revelou ter conversado com o líder russo, Vladimir Putin, sobre a situação na Venezuela e negou que o momento para a transição de governo tenha sido perdido. "Estamos ajudando (os venezuelanos), levando comida, medicamentos e outras coisas, estamos trabalhando próximos à Colômbia", disse Trump, ao lado de Bolsonaro, sem mencionar o esforço da diplomacia brasileira. Além de Cuba, Rússia e China são os principais aliados do regime de Maduro.
Ao falar com jornalistas presentes na reunião bilateral, Trump disse, ao lado de Bolsonaro: "O presidente brasileiro é um homem especial, que está indo bem, é muito amado pelo povo brasileiro. E ele se orgulha da relação que tem com o presidente Trump".
O americano voltou a prometer que visitará o Brasil, sem citar datas, e disse que os dois países estão mais próximos do que nunca. Trump disse ainda que o Brasil tem ativos que alguns países nem conseguem imaginar e é um tremendo país. "Estamos falando sobre comércio, estamos comercializando muito, mais que antes. E temos muito o que discutir."
Assim como fez em março, Bolsonaro disse que apoia a reeleição de Trump em 2020 e afirmou que é um grande admirador do presidente americano. "O que nós temos no Brasil é coisa que o mundo não tem. Nós estamos à disposição para conversar com o Trump e para fazer parcerias e desenvolver o nosso país", disse Bolsonaro. Trump aproveitou para criticar os democratas. "Ouvi um rumor de que democratas vão mudar o nome do partido para partido socialista", disse.
A nota oficial do encontro bilateral destaca que os dois presidentes falaram sobre os riscos associados com as atividades chinesas no Hemisfério Ocidental e também sobre a situação da Venezuela e sobre o apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE.
"O presidente Trump demonstrou apoio à agenda de reforma econômica do presidente Bolsonaro e os líderes afirmaram que o início do processo para o Brasil ingressar na OCDE pode ser um impulso importante para os esforços de reforma", informa a nota
Questionado três vezes sobre o papel do Brasil em meio à disputa comercial travada por EUA e China, Trump evitou se posicionar e não deu uma resposta específica sobre o que espera do País.