Em meio a uma queda de braço com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, 31, que o governo pretende divulgar ainda neste mesmo dia dados reais sobre o desmatamento no País.
Na semana passada, ele afirmou que haveria uma "surpresa" sobre as informações nesta semana. De acordo com o presidente, não haverá uma revisão das informações divulgadas pelo instituto, mas uma separação entre alertas de desmatamento e informações sobre o desmatamento em si.
"Esses dados que você fala, dados do Inpe, desmatamento, crianças na rua, violência... Ninguém quer fugir da verdade, mas tem que ser dados precisos porque dados imprecisos atrapalham os nossos negócios fora do Brasil", disse.
Informações preliminares de satélites do Inpe mostram que mais de mil km2 de floresta amazônica foram derrubados na primeira quinzena deste mês, um aumento de 68% em relação a julho de 2018 Desde que os dados foram divulgados, Bolsonaro tem criticado o órgão.
"O que eu pedi para dois ministros, da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas e do Meio Ambiente Ricardo Salles, que analisassem os dados. Foi uma variação muito abrupta. (...) Alguma coisa aconteceu. E a desconfiança nossa por aí, que existem dados lá que são alertas de desmatamento. Alerta não é desmatamento", disse.
O presidente citou como exemplo uma área na região amazônica que um fazendeiro tenha deixado de usar por um tempo e que, agora, tenha desmatado. "Isso é um alerta. Nesse alerta você vai tomar conhecimento se aquela área poderia ser desmatada ou não", disse
Ele voltou a dizer que informações deste tipo prejudicam as relações comerciais do Brasil com outros países. "Nós temos a questão dos Estados Unidos, da Coreia do Sul, do Japão, vamos consolidar o Mercosul. Isso atrapalha a gente", afirmou.
Bolsonaro disse ainda que o anúncio que poderá acontecer nesta quarta-feira não significa uma censura e afirmou que a revelação de dados como estes não pode ser feita por pessoas que querem "ganhar holofote". Ele se referiu ao diretor do instituto, Ricardo Galvão, que anunciou inicialmente os dados.
"Ao dar um dado importante como esse a pessoa responsável tem que ter certeza do que está falando. Ninguém quer censurar ninguém não. Não podemos ter pessoas para ganhar holofote, não estou dizendo que seja o caso dele Galvão, pode até ser que ele esteja certo Vamos sabre nas próximas horas", afirmou.
Os ministros da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se reuniram na terça-feira, 30, com Galvão e com o presidente do Ibama, Eduardo Bim, para saber como foram obtidos os dados que indicam a elevação do desmatamento na Amazônia nos meses de junho e julho.