O presidente Jair Bolsonaro trocou quatro dos sete integrantes da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, que tem como finalidade reconhecer o paradeiro e dar explicações acerca de pessoas mortas ou desaparecidas no Regime Militar. A decisão foi anunciada através do Diário Oficial da União desta quinta-feira (1º) e a portaria foi assinada pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
De acordo com Bolsonaro, as trocas ocorreram por ter mudado o presidente da república, que agora é ‘de direita’. "O motivo [é] que mudou o presidente, agora é o Jair Bolsonaro, de direita. Ponto final. Quando eles botavam terrorista lá, ninguém falava nada. Agora mudou o presidente. Igual mudou a questão ambiental também", afirmou o chefe do executivo nesta manhã de quarta-feira na saída do Palácio da Alvorada.
Marco Vinicius Pereira de Carvalho, filiado ao PSL e assessor de Damares, que substitui Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, atual presidente do colegiado que criticou, nesta semana, as declarações de Bolsonaro.
Weslei Antônio Maretti, coronel reformado do Exército, substitui Rosa Maria Cardoso da Cunha, ex-integrante da Comissão da Verdade e defensora de perseguidos políticos.
Vital Lima Santos, oficial do exército, substitui João Batista da Silva Fagundes, coronel da reserva e ex-deputado.
Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro, parlamentar do PSL, substitui Paulo Roberto Severo Pimenta, deputado filiado ao PT.
Em entrevista à Rádio Jornal na última quarta-feira (31), Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, presidenta substituída por Bolsonaro, afirmou que 'a comissão continua trabalhando mas não sabemos até quando. Em qualquer momento ele vai instituir um decreto e destituir os membros atuais da comissão'. Ela afirma que estava 'falando como comissão até hoje, mas não sabe o que acontecerá amanhã'.
A decisão procede à declarações polêmicas de Jair Bolsonaro acerca de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. ''Se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu no período militar, eu conto para ele'', disse o chefe do executivo na última segunda-feira (29).
Relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) aponta que o corpo de Fernando Santa Cruz foi transportado da chamada Casa da Morte, um centro clandestino de tortura e assassinato, localizado em Petrópolis (RJ), para a Usina Cambahyba, no norte fluminense, local onde teria sido incinerado, junto com corpos de outros militantes políticos contrários ao governo militar. A informação estaria baseada no depoimento do ex-delegado do DOPS/ES, Cláudio Guerra, em 23 de julho de 2014. Segundo a CNV, Santa Cruz foi preso por agentes do DOI-CODI/RJ em 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro, mas os órgãos oficiais do regime não admitiram sua prisão alegando que o advogado estava foragido.