Saiba onde estava o clã Bolsonaro quando suspeito de matar Marielle foi a condomínio

No momento em que um dos suspeitos de matar a vereadora visitou o condomínio onde morava o presidente Jair Bolsonaro, registros da Câmara dos Deputados, Alerj e Câmara do Rio mostram onde estavam os Bolsonaros
Marcelo Aprígio
Publicado em 30/10/2019 às 9:02
No momento em que um dos suspeitos de matar a vereadora visitou o condomínio onde morava o presidente Jair Bolsonaro, registros da Câmara dos Deputados, Alerj e Câmara do Rio mostram onde estavam os Bolsonaros Foto: Foto: Rafael Carvalho/Equipe de Transição


Internautas criaram a hashtag #QuemEstavaNaCasa58 após a Rede Globo divulgar que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco se reuniu com Ronnie Lessa, outro suspeito, no condomínio de Jair Bolsonaro (PSL) antes do crime e ao entrar alegou que ia para a casa do então deputado federal. Tanto Bolsonaro, quanto seus três filhos, têm registros em atas de presença de suas respectivas casas legislativas. Portanto, não poderiam estar no condomínio.

Segundo depoimento do porteiro à polícia, no dia do crime, ele trabalhava na guarita que controla os acessos ao condomínio. Às 17h10 da data do crime, ele escreve no livro de visitantes o nome de quem entra, Élcio, o carro, um Logan, a placa, AGH 8202, e a casa que o visitante iria, a de número 58, onde morava o presidente Bolsonaro.

Às 23h50 dessa terça-feira (29), #QuemEstavaNaCasa58 estava entre os assuntos mais comentados do Twitter, com 38,9 mil menções, reunindo tuítes de críticos do presidente.

Bolsonaro estava em Brasília

Bolsonaro estava em Brasília no dia, como demonstram os registros de presença em duas votações no plenário da Câmara: um às 14h e outro às 20h35. Ele não poderia, portanto, estar no Rio de Janeiro. Os investigadores estão recuperando os arquivos de áudio do interfone para saber com quem o porteiro conversou no dia e quem estava na casa 58.

Ao JN, o advogado do presidente, Frederick Wassef, contestou o depoimento e afirmou que tratava-se uma tentativa de atacar a imagem do presidente.

Carlos divulga atas

O vereador do Rio e filho do presidente, Carlos Bolsonaro, divulgou no fim da noite dessa terça-feira (29) a ata da sessão plenária da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro em que consta a presença do parlamentar na casa das 14h às 17h30. Assim, não era possível que ele estivesse na residência de seu pai no momento em que o um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco, que também estava na sessão, chegou ao condomínio onde o presidente tem uma casa.

"Percebendo que a narrativa já nasceu morta, pois o então Dep. Bolsonaro não poderia atender o interfone de sua casa no Rio estando comprovadamente em Brasília, CANALHAS agora tentam me envolver", diz a publicação do vereador.

Eduardo também na Câmara

Assim como o pai, o deputado federal Eduardo Bolsonaro também estava em Brasília no dia da morte da vereadora Marielle Franco. A informação pode ser confirmada nos registros de presença da Câmara dos Deputados que mostram Eduardo presente na sessão ordinária do dia, que começou às 14h e encerrou às 20h33.

Flávio estava na Alerj

Segundo consta no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o então deputado estadual Flávio Bolsonaro estava na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) quando Élcio de Queiroz chegou ao condomínio em que Bolsonaro morava à época.

De acordo com o documento, no dia do assassinato de Marielle Franco, Flávio estava no plenário da Alerj das 13h50 às 18h05.

'Vocês são canalhas, patifes'

Após o Jornal Nacional divulgar que um dos suspeitos da morte de Marielle Franco se reuniu com outro no condomínio de Jair Bolsonaro (PSL) antes do crime e alegou que ia para a casa do presidente, o pesselista fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais, acusando a Rede Globo de perseguição e fazendo uma série de críticas à emissora.

No momento de pico, a transmissão, que durou pouco 23 minutos, estava sendo acompanhada por 107,4 mil pessoas.

Resposta da Globo

Após a live do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a Globo divulgou uma nota em resposta ao político nessa quarta-feira (30)

No texto, a emissora afirma que "não fez patifaria nem canalhice", mas "fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade". A Globo ressaltou ainda que "as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações".

"A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade", diz outro trecho da nota.

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