Na manhã deste sábado (9), dia seguinte à soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem citar diretamente o petista, o presidente Jair Bolsonaro utilizou as redes sociais para pedir aos seus apoiadores que não deem "munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa".
"Iniciamos há poucos meses a nova fase de recuperação do Brasil e não é um processo rápido, mas avançamos com fatos. Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa", diz a publicação no perfil do presidente no Twitter.
Em uma outra publicação feita neste sábado (9), o presidente também pede união aos "amantes da liberdade e do bem". "Somos a maioria. Não podemos cometer erros. Sem um norte e um comando, mesmo a melhor tropa, se torna num bando que atira para todos os lados, inclusive nos amigos", ponderou.
Nessa sexta-feira (8), dia da soltura de Lula, Bolsonaro tinha afirmado a populares que era responsável apenas pelo que acontece no Poder Executivo. "Não vou entrar numa furada", disse, logo que chegou no Palácio da Alvorada. "Tenho responsabilidade com todos vocês", completou.
Bolsonaro participou de dois eventos nesta sexta-feira (8). Em todos os seus discursos, silenciou-se sobre as decisões da Justiça. Também rompeu a rotina e não concedeu nenhuma entrevista na porta da residência oficial. Na manhã desta sexta, o presidente associou sua eleição ao sucesso da Operação Lava Jato, que levou políticos e empresários à prisão. Ele elogiou o ministro da Justiça, Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato. "Parte do que acontece na política do Brasil devemos a Sergio Moro", completou
O ex-presidente Lula estava desde abril do ano passado preso em Curitiba, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e foi libertado às 17h42 desta sexta-feira (8).
Durante o primeiro discurso após ser libertado, ele disse que a sua prisão foi resultado de um "lado podre" do Estado brasileiro, "da Justiça, do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal", que, segundo o presidente, "trabalhou para tentar criminalizar a esquerda, o PT e o Lula". "O lado mentiroso da PF que fez inquérito contra mim, o lado canalha do MP e da força-tarefa."
"Se pegar o (Deltan) Dallagnol (chefe da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba), o (Sergio) Moro (ex-juiz da Lava Jato) e alguns delegados, enfia e bate num liquidificador. O que sobrar não é dez por cento da honestidade que eu represento nesse País. Eles têm que saber que caráter e dignidade não é uma coisa que a gente compra em shopping center, em feira ou no bar", discursou o presidente.
"O Moro tem que saber uma coisa: não prenderam um homem. Tentaram matar uma ideia, mas uma ideia não desaparece", disse Lula, retomando as ideias da sua fala no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC logo antes de ser preso em abril de 2018.
O presidente também fez críticas a veículos de imprensa. "Eu quero lutar para provar que se existe uma quadrilha e um bando de mafioso é essa maracutaia, liderada pela Rede Globo." Lula ainda afirmou que "não tem mágoas" nem dos policiais federais, nem dos carcereiros.