Quando a eleição de 2018 já se aproximava, Gleisi Hoffmann buscava apoio de partidos da esquerda para o PT, do qual é presidente. Em certa data, chegou ao Recife para participar de uma reunião com o PSB local. Lula (PT) já estava preso e todos sabiam que ele não poderia ser candidato.
Na ocasião, Fernando Haddad (PT) já era o escolhido para disputar a Presidência da República pelo partido. Lula era carta fora do baralho. Imaginou-se que seria uma conversa franca para que o apoio a Haddad fosse costurado, resolvendo também a situação de Marília Arraes (PT) e Humberto Costa (PT) no plano estadual.
Gleisi entrou no Palácio do Campo das Princesas, acomodou-se em uma das cadeiras e disparou: "o candidato é Lula". Houve um certo silêncio antes de a conversa continuar. No geral, o que se tentava entender era até que ponto Gleisi e outros petistas realmente acreditavam que Lula poderia disputar e qual o nível de ignorância jurídica ou maluquice naquilo. Como se sabe, ele não foi candidato e Haddad, obrigado a ir despachar com o chefe toda semana numa cela, impedido de fazer campanha como queria e tendo que defender o ex-presidente ao invés de pedir votos acabou derrotado.
Um dos poucos partidos com alguma tradição e seriedade que mergulharam de cabeça na maluquice petista da época foi o PCdoB, que perdeu muito com isso. Lula foi solto, mas segue em negação da realidade, acreditando ser o dono da esquerda. Pra completar, ao sair da prisão percebeu-se que a narrativa de líder popular não se encaixava mais. Os discursos não empolgam e o poder de arrastar multidões enfraqueceu.
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Chegou-se ao ponto que nem o PCdoB embarca mais. O partido trabalha uma mudança de nome disfarçada, para "Movimento 65", e começa a trabalhar Flávio Dino (PCdoB) como candidato ao Planalto em 2022, apresentando o atual governador do Maranhão como alguém moderado, que consegue dialogar com todos os atores políticos, o oposto de Lula.
Enquanto houver vida, há esperança para os petistas. Mas, ao que parece, Lula acabou.