Julho de 1989. O PSDB faz a sua convenção em Belo Horizonte e escolhe o senador, por São Paulo, Mário Covas, candidato a presidente da República e acatou o ex-governador de Pernambuco e deputado federal Roberto Magalhães (PFL, ex-PDS e ex-Arena) como o nome a vice. E sai para o PTB, para poder ser o vice. O ex-governador não imaginava, porém, ter dois obstáculos que o levariam a desistir da vice de Covas: a reação de tucanos de Pernambuco à sua origem conservadora, liderados pela deputada federal Cristina Tavares, e a negativa de apoio do senador Marco Maciel.
Militante da esquerda, deputada Cristina criticava o passado de Magalhães, pela Arena, braço político do regime militar, e achava que ela puxava a candidatura de Covas para a direita. Com o ex-governador mineiro Aureliano Chaves também candidato a presidente pelo PFL, Maciel se manteve fiel ao partido. Hostilizado pelos tucanos locais e sem o apoio de aliados históricos, Roberto Magalhães renuncia à candidatura.
Na eleição de 15 de novembro de 1989, foi substituído na vaga de vice pelo senador Almir Gabriel, do Pará. O ex-governador Roberto Magalhães confessaria depois que tinha tido os convites de Paulo Maluf (PDS) e do próprio Aureliano Chaves para ser também vice nas chapas.
O ano de 1989 foi o da queda do muro de Berlim, que antecedeu o fim da União Soviética e do comunismo na Europa, e representou o da eleição mais ideologizada do pós-64 no Brasil. No segundo turno, Collor (PRN, PSC, PTR, PST) recebe o apoio de toda a direita – PFL, PDS, PSD –, mesmo não tendo a simpatia de muitas lideranças liberais, e Lula (PT, PSB, PCdoB) une a esquerda, agregando o apoio de Leonel Brizola e do PDT, com quem disputou a ida ao turno final. Simultaneamente, o líder operário do PT obteve o apoio crítico – pelas diferenças políticas externadas na campanha – do PSDB, do PMDB, do PCB e PTB.
Com um discurso de “nova política” e do risco da “bandeira vermelha”, Collor vence (53,04% a 46,96% dos votos), e a partir daí a história já se conhece.