Paulo Câmara quebra silêncio e fala sobre rebeliões, falta d'água, mobilidade e greve da PM

Sem agenda pública desde a última segunda-feira, quando estourou o motim que atingiu o Complexo Prisional do Curado, o governador tratou em entrevista de pontos urgentes da administração estadual
Do JC Online
Publicado em 23/01/2015 às 10:40
Foto: Foto: Diego Nigro/JC Imagem


O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, quebrou o silêncio perpetrado desde o início da rebelião que atingiu o Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife, e a Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, Região Metropolitana, na última segunda-feira (19). Em entrevista à Rádio Jornal, Câmara abordou a primeira grande crise de sua gestão e também respondeu questões como os problemas de abastecimento de água em Pernambuco, a possibilidade de uma greve da Polícia Militar e o atraso nas obras de mobilidade no Grande Recife.

Paulo Câmara afirmou que, durante os últimos dias, manteve-se focado na resolução da crise no sistema prisional do Estado. O governador lamentou a morte de três pessoas na rebelião no Curado, entre elas o sargento da Polícia Militar Carlos Silveira do Carmo, mas afirmou que o Estado agiu da melhor forma para controlar os tumultos. "A ordem foi mantida, conseguimos evitar qualquer tipo de fuga e vamos continuar trabalhando para enfrentar esse desafio", explicou.

Questionado sobre as reivindicações dos presos que motivaram o início da rebelião, Câmara afirmou que medidas emergenciais estão sendo tomadas. Sobre a superlotação nas penitenciárias do Estado, o governador afirmou que as obras dos presídios de Araçoiaba e Tacaimbó serão retomadas nos próximos dias e que os equipamentos devem ser entregues ainda este ano. Sobre o Complexo de Itaquitinga, obra milionária que pode desafogar por completo o déficit de vagas no Estado e que teve o atraso nas obras denunciado pelo Jornal do Commercio, Paulo Câmara afirmou que o Governo está trabalhando para entrar com recursos públicos na construção da unidade, até o momento sob responsabilidade privada.

Complexo de Itaquitinga é uma alternativa abandonada

Outras soluções paliativas pontuais foram postas na mesa pelo governador. Segundo Câmara, o Governo está disposto a ajudar o Judiciário para acelerar a resolução dos processos penais, um dos motivos da rebelião. A questão das visitas e das revistas no Complexo do Curado também está sendo investigada e, de acordo com o governador, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, vai colocar em prática o que for determinado.

 

SEGURANÇA

Um outro grande problema envolvendo a gestão pública é a situação da Polícia Militar no Estado. Após uma reunião realizada na última quarta-feira (21), os PMs listaram como prioridades para o exercício da função melhorias nas condições de trabalho, plano de cargos e carreiras com promoção imediata e a retomada das negociações salariais. A paralisação, por ora, é descartada, mas o risco de uma nova greve como a que aterrorizou os pernambucanos no primeiro semestre de 2014 é presente.

Câmara afirmou o compromisso de dialogar com os policiais e analisar as reivindicações dos trabalhadores. A pauta entregue pelo movimento foi recebida pelo governador e já está sendo analisada pelo secretário Milton Coelho. "Não vamos admitir nenhum tipo de desordem em relação a nossa segurança. Tenho certeza que, com o diálogo e com a nossa diposição de resolução, nós vamos ter condições de encerrar essas discussões nas próximas reuniões", finalizou Câmara.

FALTA D'ÁGUA

A crise de abastecimento de água nas cidades do interior do Estado também foi trazida à tona. O governador admitiu que 2015 será um ano difícil devido ao alastramento da seca no semiárido e que ações estruturadoras serão tomadas para controlar a falta d'água em Pernambuco. "Nós temos mais de 400 mil famílias na zona rural, e apenas 25% tem abastecimento. Nós temos que investir para que as demais tenham condições de ter água, a partir dessas ações, que envolvem a construção de poços e sistemas simplificados de mini-barragens, pra que a gente possa conviver com esses períodos de estiagem que nós vamos ter em 2015.

Ouça a entrevista na íntegra:

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