Apesar da disparidade entre a representação de homens e mulheres que integram o primeiro escalão da Prefeitura do Recife, a participação da ala feminina na gestão municipal tem crescido nos últimos anos. Atualmente, seis auxiliares compõe o núcleo de 23 secretarias. O número ainda é pequeno, mas é considerado um avanço, se comparado com gestões anteriores. O grupo está no comando das pastas da Mulher, Meio Ambiente, Cultura, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos e Enfrentamento ao Crack e outras drogas. Na última sexta-feira, ele também designou um nome feminino para comandar a pasta de Desenvolvimento Econômico.
Com perfis variados, as auxiliares da gestão têm opiniões semelhantes sobre a participação da mulher na política. A representatividade feminina ainda é pequena nas casas legislativa e nas gestões a realidade precisa mudar, segundo avaliação da secretária de Meio Ambiente, Cida Pedrosa (PCdoB). A auxiliar, inclusive, foi candidata a vereadora do Recife em 2013. “Os partidos têm que deixar de falsificar as cotas. Normalmente, não se dá nenhuma estrutura (para a campanha)”, disse Cida, que tem um histórico na luta na área dos direitos humanos.
Responsável pela pasta da Mulher, a advogada Elizabeth Godinho analisa que o contexto não pode se resumir às cotas. “É preciso sair do lugar da cota para o protagonismo”, pontua. A auxiliar avalia como um avanço a criação de uma pasta de primeiro escalão voltada para discutir as problemáticas do segmento. A secretaria foi criada em 2013. Ana Rita Suassuna, que comanda a pasta de Desenvolvimento Social, complementa: “Você pode perceber a importância que o gênero tem quando observa o número de mulheres na gestão”.
Na administração municipal, a maioria dos servidores são do sexo feminino. Segundo informações da Prefeitura, 64,5% dos 30.225 funcionários são mulheres. A secretária da Cultura, Lêda Alves, destaca que o avanço nos últimos anos ocorreu pelo papel desempenhando pelas representantes do gênero. “Esse avanço se manifesta em qualquer atividade. A mulher demonstra lealdade e responsabilidade. Na hora que ela toma consciência e entra no mercado de trabalho e exerce bem sua função, mostra que não há diferença”, ressalta.
Por outro lado, a vereadora Aline Mariano (PSDB), que foi nomeada recentemente para a pasta de Enfrentamento ao Crack, destaca que é preciso discutir ações que corrijam as distorções que existem entre homens e mulheres no âmbito do trabalho. “Na política, o número ainda é tímido. É preciso se organizar de uma forma que a gente possa permitir igualdade de gênero e corrigir distorções”, frisou.