A Prefeitura do Recife passará as próximas duas décadas pagando o financiamento feito à Caixa Econômica Federal, em maio de 2011, para tirar do papel a Via Mangue, considerada uma das principais intervenções viárias da cidade nos últimos 30 anos. De 2012 até 2015, a administração municipal já havia desembolsado R$ 86,7 milhões dos R$ 331 milhões acertados com o banco, equivalente a 26% do total do financiamento. Ainda faltam 240 parcelas para saldar.
Quando o contrato foi assinado, há quatro anos, pelo então prefeito João da Costa (PT), a obra estava dentro do Programa Pró-Transporte, da Caixa, e a previsão de entrega era fevereiro de 2014, meses antes do início da Copa do Mundo. O banco viabilizou o empréstimo por meio de recursos do FGTS e serão cobrados juros de 6% ao ano.
Em meio à briga pela paternidade da obra, os números não deixam espaço para embates políticos. Quase 96% dos recursos investidos para executar o projeto sairão do bolso do contribuinte do Recife. Ao todo, a prefeitura investirá R$ 412 milhões, sendo R$ 81 milhões de recursos próprios e R$ 331 milhões via financiamento. O governo federal, por sua vez, aportou R$ 19 milhões, pouco mais de 4% do total. O governo federal defende que sua política de juro subsidiado diminuiu o impacto financeiro da operação. O investimento final da Via Mangue anunciado pelo município foi de R$ 431 milhões.
COBRANÇA
A deputada estadual Priscila Krause (DEM), que tem o nome ventilado para disputar a Prefeitura do Recife, apontou uma diferença de R$ 60 milhões nos valores informados pela prefeitura para a obra e a quantia desembolsada pelo município. Ela promete acionar o Tribunal de Contas para fiscalizar o valor exato do serviço.
Segundo ela, em vez dos R$ 431 milhões anunciados pela gestão, os números do Portal da Transparência do Recife apontam gastos de R$ 491 milhões. Ela sustenta que foram feitos 13 aditivos ao contrato principal. Além disso, a obra será paga por meio de 392 empenhos, que resultam nos citados R$ 491 milhões. A assessoria da prefeitura afirmou que não iria responder os questionamentos.