O primeiro ato de rua unificado contra o governo interino de Michel Temer (PMDB) terá sua versão pernambucana nesta sexta (10/6). Por volta das 15h, grupos feministas promovem a “batucada das mulheres” na Praça do Derby, no Centro do Recife, e, de lá, duas horas depois, junto a trabalhadores do campo e da cidade, movimento estudantil e outros também contrários ao impeachment da primeira mulher eleita presidente do Brasil saem em passeata à Avenida Conde da Boa Vista. Após a marcha, a resistência ao que chamam de “golpe contra a democracia” pretende ganhar visibilidade até em festas juninas e avançar pelo interior com uma nova estratégia.
Uma caravana percorrerá em 12 dias 11 municípios, retornando ao Recife em 8 de julho. Na primeira parada, dia 27, em Petrolina, Sertão do São Francisco, e na volta, na capital, estão sendo organizados atos com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pernambucano. “Escolhemos cidades-polo, com focos de mobilização e onde queremos também denunciar os políticos traidores “, explicou Carlos Veras, presidente local da Central Única dos Trabalhadores, integrante da Frente Brasil Popular que, junto com a Povo Sem Medo, liderada pelo Psol, tem organizado as manifestações. Além de Petrolina, a caravana irá a Salgueiro, Ouricuri, Serra Talhada, Petrolândia, Afogados da Ingazeira, Arcoverde, Caruaru, Garanhuns, Surubim e Palmares. Em cada uma delas haverá eventos políticos e culturais
Um mês e 24 dias após a Câmara dos Deputados ter aprovado o processo de impeachment, confirmado pelo Senado há quase 30 dias, as mobilizações são alimentadas não só pelo interesse em reverter junto aos senadores a situação da presidente afastada, mas pelas medidas anunciadas e em curso do presidente interino. “Os erros de Temer, com retrocesso nas políticas sociais, alimentam nossa resistência”, diz Veras. Segundo ele, muitas pessoas comuns que defendiam o afastamento da presidente já estão mudando de opinião. “A pressão das ruas fará os parlamentares corrigirem o voto pelo impeachment”, afirma o presidente da CUT. Segundo ele, além da adesão crescente de novas organizações ao movimento “Fora Temer”, diretórios têm sido criados em universidades e outros espaços.
Aline Fagundes, do Fórum de Mulheres de Pernambuco, explica que, mesmo retistuindo a Dilma o mandato, as mobilizações devem permanecer para que o governo assuma uma tendência mais à esquerda. Na pauta da CUT estão taxação das grandes fortunas, veto à reforma da Previdência e manutenção de programas sociais. “É preciso combater a violência contra as mulheres e o governo Temer realiza um desmonte das políticas desse campo”, completa Aline Fagundes.