Após uma tarde inteira de confusão, desencontros e incertezas, a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco confirmou que o empresário Paulo César de Barros Morato morreu por envenenamento. De acordo com a pasta, ele – suspeito de integrar um grupo especializado em lavagem de dinheiro para abastecimento de campanhas eleitorais do PSB – ingeriu organofosforado, composto conhecido popularmente como chumbinho. Segundo a SDS, a conclusão foi apontada no exame toxicológico realizado no corpo. Entretanto, apenas este laudo não é suficiente para apontar se Morato cometeu suicídio ou foi assassinado.
A causa da morte de Morato foi divulgada após o site do jornal Folha de Pernambuco e a Rádio Jornal anteciparem o resultado do exame, o que levou o restante da imprensa a pressionar a SDS a confirmar as notícias. Foi aí que os desencontros começaram. A primeira pessoa a ser procurada para esclarecimentos foi a gerente do Instituto de Medicina Legal (IML), Sara Behar. A gestora, porém, não quis se pronunciar e disse, ao deixar o IML durante a tarde, que um representante da SDS falaria à imprensa sobre o caso.
Momentos depois, o gerente de Comunicação da pasta, Otávio Toscano, compareceu ao IML, mas apenas para informar que a SDS só se pronunciaria sobre o caso quando todos os exames estivessem finalizados. Depois de ser questionado sobre o posicionamento, Toscano afirmou que a gerente-geral da Polícia Científica, Sandra Santos, faria um pronunciamento sobre o andamento dos exames sem, contudo, divulgar os resultados daqueles que já foram concluídos.
Mesmo com a entrevista confirmada por um funcionário da SDS, procurado pela reportagem, o Palácio do Campo das Princesas negou que uma coletiva de imprensa seria realizada na sede da pasta ontem à tarde.
Apesar disso, pontualmente às 17h, vários veículos de comunicação de Pernambuco e de outros Estados compareceram ao prédio da SDS, em Santo Amaro. Cerca de 30 minutos depois, Otávio Toscano entrou no auditório, se dirigiu aos jornalistas e informou que a gerente da Polícia Científica não compareceria à coletiva. Contradizendo o que havia dito aproximadamente uma hora e meia antes, o assessor entregou aos repórteres uma nota de conteúdo estritamente técnico que confirmava a morte do empresário por envenenamento.
O documento, escrito em um papel que não continha nenhuma identificação do governo do Estado, informava ainda que, além do exame toxicológico, já haviam sido concluídas as verificações de DNA e histopatológica. A perícia das imagens, papiloscopia e os exames químico, tanatoscópico e de local de morte ainda precisariam ser finalizados. O prazo para que os testes fiquem prontos é de até dez dias.
“A gerência-geral de Polícia Científica informa que foram concluídos, além do exame de DNA, os exames histopatológico e toxicológico nas vísceras de Paulo César de Barros Morato, tendo sido constatada, neste último, como causa da morte: intoxicação exógena por organofosforado”, diz a nota. Questionado se algum perito seria chamado para explicar o significado dos termos ao repórteres, o gerente de Comunicação disse que não, o que só fez aumentar o mistério envolvendo o caso.
A Polícia Federal (PF) informou que o resultado do exame não muda em nada a postura da corporação diante do caso. Como o laudo não conclui que Morato foi assassinado e que um homicídio teria relação com a Operação Turbulência, a responsabilidade pelas investigações seguirá com a Polícia Civil.
Sobre o pedido de federalização das investigações recebido pelo Ministério Público Federal (MPF), o órgão informou que, no Estado, cuida apenas de questões relativas à Operação Turbulência, não às relacionadas com morte de Paulo César Morato.