Denúncias de corrupção, desemprego, inflação em alta e falta de crescimento econômico. A combinação desses fatores, atualmente tão presentes no dia-a-dia do brasileiro, tem contribuído para um mau humor generalizado e uma intolerância a políticos. Com a proximidade do pleito, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), em parceria com o Jornal do Commercio, ouviu moradores das cinco maiores cidades do Grande Recife (Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Cabo) para analisar o humor do eleitorado e a cultura política dos eleitores.
A crise econômica é perceptível para 86,5% dos entrevistados consultados na sondagem. Desse total, 57,2% dizem ter sido muito prejudicados pelo mau momento na economia. Outros 35,8% afirmam que foram pouco atingidos.
De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego no País avançou para 11,3% no segundo trimestre deste ano. O resultado ficou acima do registrado no mesmo período do ano passado (8,3%), e também foi pior que a taxa de 10,9% observada no trimestre anterior, de janeiro a março. De abril a junho, o Brasil tinha 11,6 milhões de pessoas procurando emprego.
Em Pernambuco, 20,1 mil postos de trabalho formais foram eliminados no trimestre encerrado em maio, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego.
Em meio à essa onda negativa, os políticos estão na mira do eleitor e são apontados como principais culpados pela situação econômica. Isso em pleno período eleitoral, época em que se abrem novas janelas para mudanças.
As brigas em Brasília e os conchavos expostos nos esquemas criminosos, que têm sido investigados pela Justiça e Polícia Federal, corroboram o pessimismo do eleitorado. Para 89,5% dos entrevistados, a crise econômica é o motivo da irritação com os políticos.
“O eleitor reconhece que a crise econômica afetou fortemente o dia a dia e dá uma responsabilidade aos políticos. Ele tem a expectativa que a crise seja resolvida rapidamente”, avaliou o cientista político e coordenador da pesquisa, Adriano Oliveira.
Segundo Oliveira, o mau humor do eleitorado é em função do sentimento de que os políticos nada têm feito para superar o momento. “A denúncia de corrupção quando chega irrita, mas o eleitor quer uma solução. Ele fica com a sensação que estão todos brigando entre si, que todos calçam 40 e ninguém resolve a vida deles”, acrescentou.
A pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 26 de julho. O nível estimado de confiança é de 95%, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais. Ao todo, foram ouvidas 816 pessoas. Do total de entrevistados, 55,1% eram mulheres e 44,9% homens, sendo 25,4% com idades entre 45 e 59 anos; 23,2% de 25 a 34 anos; e 21% de 35 a 44 anos.