De olho em 2018, Armando Monteiro ensaia aproximação com PSDB e DEM

Ainda aliado ao PT, Armando Monteiro tem feito gestos cada vez mais nítidos de aproximação com PSDB e DEM
Paulo Veras
Publicado em 16/10/2016 às 8:01
Ainda aliado ao PT, Armando Monteiro tem feito gestos cada vez mais nítidos de aproximação com PSDB e DEM Foto: Foto: Ana Volpe/Agência Senado


Ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), o senador Armando Monteiro Neto (PTB) tem feito gestos cada vez mais nítidos de aproximação com o PSDB e o DEM, legendas que hoje são independentes em relação à gestão do governador Paulo Câmara (PSB). O “namoro” entre as siglas passa pelo cenário eleitoral de 2018, onde estarão em jogo uma candidatura ao governo e duas vagas para o Senado. Além de Armando, os ministros da Educação, Mendonça Filho (DEM), e das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), são nomes sempre lembrados para a disputa majoritária.

“Eu estou à disposição dessas forças aqui no Estado que se opõem a esse projeto aqui de Pernambuco. Acho que esse projeto se esgotou”, afirmou o petebista, em entrevista à Rádio Jornal. “Vamos construir. E com forças independentes, que já se declaram como tal hoje em Pernambuco. Eu espero que a gente possa, de alguma maneira, integrar uma grande frente que possa promover uma grande renovação na política de Pernambuco”, emenda, confirmando que está falando de PSDB e DEM.

O primeiro gesto de Armando foi o apoio “sem inibições” a Raquel Lyra (PSDB) em Caruaru. Ele também fez elogios a Mendonça e Bruno. E, na semana passada, afirmou que as melhores críticas a Geraldo Julio (PSB) na eleição do Recife partiram de Daniel Coelho (PSDB) e Priscila Krause (DEM). Na votação da PEC 241, que cria um teto para o aumento de gastos na União, os cinco deputados ligados ao senador votaram a favor do governo Michel Temer. O próprio Armando votará a favor da proposta.

Em reserva, aliados de Armando dizem que a lealdade dele a Dilma foi admirável. E que ele retribuiu o apoio do PT em 2014, ao endossar a campanha de João Paulo (PT) à Prefeitura do Recife. A partir de agora, porém, o senador ficaria livre para tentar uma reorganização política. “A contrapartida que Armando tinha que dar ao PT, ele já deu”, dizem.

EX-TUCANO

A relação de Armando com o PT não é ideológica: ele foi filiado ao PSDB entre 1990 e 1997. Em 2012, o senador foi o primeiro a deixar a administração João da Costa (PT), mostrando que não estava disposto a desidratar junto com os petistas. Imerso em sua maior crise desde o impeachment, o PT viu os 630 prefeitos eleitos há quatro anos encolherem para 256 agora. O PSDB e o DEM, por outro lado, ganharam terreno.

Se está cedo para confirmar qualquer aliança, PSDB e DEM não têm qualquer restrição a Armando. Mendonça Filho, por exemplo, é só elogios ao “homem público sério e qualificado” para quem estará sempre aberto ao diálogo. “A relação de Armando com o PT, eu não sei como ela vai avançar”, diz. Para Bruno Araújo, o senador era o ministro mais respeitado do governo Dilma, que não conseguiu fazer mais pela falta de sintonia entre sua visão da economia com o governo do PT. “Ele vai ter um papel importante nesse momento de votação das reformas. É do interesse do Palácio do Planalto ter um Armando Monteiro como aliado”,afirma o tucano.

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