Com navegabilidade emperrada, estações sofrem com abandono

O projeto da navegabilidade no Recife está parado há 3 anos e onde havia alguma obra, hoje há só abandono
Marcela Balbino
Publicado em 16/04/2017 às 7:17
Foto: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


A esperança de ver o Capibaribe navegável sofre pouco a pouco a ação do tempo. O projeto Rios da Gente, o que mais avançou até agora, está à míngua. Em muitas estações, nem as placas indicando informações oficiais sobre as obras restaram. Os tapumes foram roubados e o esqueleto do que seriam os pontos de embarque e desembarque estão expostos, isso quando há algo iniciado.

Na Estação de Santana, ao lado do parque de mesmo nome, a placa do projeto resiste ao tempo e aos atrasos. O píer que levaria os passageiros ao barco também está de pé, mas o mato alto cobriu a área, que virou ponto de consumo de drogas.

A estação é uma das mais emblemáticas, porque foi nela que, em janeiro de 2013, o então governador Eduardo Campos, ao lado do prefeito do Recife, Geraldo Julio, e outras autoridades anunciaram com entusiasmo o pontapé inicial nas obras de dragagem, primordial para viabilizar a navegabilidade do curso d’água. No fim daquele ano, Eduardo anunciaria sua candidatura à presidência da República e a vitrine do projeto era importante para o projeto nacional.

Na Estação do Derby, ao lado do Cinema da Fundação, também não há qualquer vestígio de obra. Os tapumes desapareceram e o trecho tornou-se ponto de pesca.

Na Torre, embaixo do Viaduto José Bonifácio, nem os tapumes restaram. O curso d’água está exposto e não houve qualquer ação no local. Um guarda chegou a vigiar o local, mas hoje já não há mais ninguém.

Às margens da BR-101, em Dois Irmãos, onde haveria outra estação, o pasto tomou conta. Bois e vacas comem livremente o capim alto. Ao fundo, três batelões (os barcos usados na dragagem para tirar os sedimentos do rio) definham com a ação do tempo.

Pichados e esquecidos. Na época da obra, o material contaminado - metais pesados, esgoto - era levado para lá, como área intermediária para depois seguir para um aterro sanitário. O destino dado ao que foi retirado é um dos pontos questionados pelos técnicos do TCE, por causa da contaminação.

Em nota, a Secretaria das Cidades informou que o material contaminado foi transportado para o Centro de Tratamento de Resíduos – CTR em Igarassu, após o período de secagem.

Encerrada em 2014, a dragagem foi 97,5% executada, restando pequeno trecho onde existem palafitas, de acordo com o governo do Estado.

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