A deputada federal Marília Arraes (PT) voltou a defendeu uma candidatura do Partido dos Trabalhadores à Prefeitura do Recife e fez críticas à gestão do PSB no Estado e na capital. "Tem sido tratado dentro do PT a possibilidade de lançar candidatura nas principais capitais e o Recife é uma das que o PT aponta maior probabilidade de estar no segundo turno. É estar na disputa, pois time que não joga não tem torcida", disse a petista em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta sexta-feira (24).
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Sobre Geraldo Julio, a deputada federal deputada disse que o prefeito do Recife precisa parar de colocar a culpa dos problemas da cidade nas costas do governo federal. "A questão nacional tem um peso na eleição, mas o que não pode é ficar jogando a responsabilidade para o governo federal. Temos que tomar as rédeas. Em 2016, Geraldo disse que a culpa de tudo era do PT, disse ''tira essa mulher'' com Dilma Rousseff, reclamou que o governo não tinha ajudado e agora em 2018 fizeram campanha colocando culpa em Bolsonaro", comentou.
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A petista não perdeu a chance de comparar a gestão pernambucana com a da Bahia para desgastar o argumento socialista de que a culpa dos problemas é do governo federal. "A Bahia, por exemplo, cresce e é destaque no Nordeste e o governador de lá é do PT (Rui Costa), então como Bolsonaro persegue o PSB aqui e não persegue o PT na Bahia? Claro que Bolsonaro persegue adversários no Nordeste, mas o que precisamos fazer é correr atrás e não ficar culpando A, B ou C. Quem está na fila esperando cirurgia, e querendo saneamento não quer saber de quem é a culpa, quer que resolva", afirmou.
Engajada em estar no pleito, Marília ainda enfrenta resistência dentro do próprio PT por haver uma ala ligada ao senador Humberto Costa (PT) que defende a permanência da aliança com o PSB, o que faria os petistas apoiarem a candidatura dos socialistas, que deve ser do também deputado federal João Campos (PSB).
Marília, no entanto, diz que não se pode fazer dessa disputa interna uma novela mexicana, ela diz que o foco deve estar nos problemas da cidade. "O PT precisa defender a forma de se governar a cidade, que inclusive já governou antes (com João Paulo e João da Costa), a candidatura é necessária e estou muito tranquila. O que me preocupa é que morra gente em deslizamento e a Prefeitura coloca culpa na Compesa e a Compesa coloca culpa na Prefeitura. Não vai lá o prefeito, nem o governador. O que se faz é pintar muro, mas obra para evitar tragédia não acontece. A saúde não funciona, temos que nos preocupar com isso e não com picuinha de Marília ser ou não candidata. O que não pode é o PSB continuar com medo de disputar a eleição com um aliado (o PT) que tem chance de vencer a eleição", afirmou a deputada federal.
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Questionada sobre seus planos para a candidatura, Marília disse que precisa ouvir as pessoas. "Uma das diferenças grandes é que o PT ouve as pessoas para elaborar o programa de governo. Temos de saber o que estão pensando, sentindo, e não construir dentro de um gabinete por conveniência de lideranças políticas. Na saúde, é uma das questões mais abordadas, as pessoas se sentem mais abandonados, é preciso colocar para funcionar, as UPAs colocaram para construir mas não se preocuparam com o atendimento.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura do Recife afirmou que não irá se pronunciar sobre as críticas da deputada federal Marília Arraes.
NOVA TENTATIVA
Em 2018, Marília Arraes também tentou ser candidata, mas a governadora pelo PT. Porém, a Executiva Nacional do partido confirmou uma aliança entre PT e o PSB em Pernambuco. O acordo foi aprovado por 17 votos a 8 e foi anunciado na época pelo deputado José Guimarães (PT).
A deputada ainda persistiu e conseguiu uma vitória no Diretório Estadual do Partido do Trabalhadores que decidiu manter a candidatura dela ao governo estadual. A decisão foi formalizada em convenção realizada, na qual, dos 251 delegados presentes na plenária, 230 foram a favor, 20 contra e houve apenas uma abstenção.
Mas no final das contas, de nada adiantou, a decisão que pesou foi da Direção Nacional do PT, que fechou aliança com o PSB e apoiou a reeleição de Paulo Câmara, que após a aliança passou a defender o ''Lula Livre'', na campanha.