A completa ausência do novo secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Geraldo Julio (PSB), de qualquer discussão sobre a quarentena decretada pelo governo do Estado, do qual ele faz parte, chamou atenção de alguns empresários e políticos. Acredita-se que ele está tentando se preservar de qualquer efeito negativo das medidas, já que é o virtual candidato do PSB ao governo em 2022.
De fato, seu antecessor, Bruno Schwambach, esteve envolvido em todas as fases das negociações que levaram ao lockdown em 2020, participando, inclusive, das entrevistas coletivas. No decreto do lockdown, assinado em maio de 2020 pelo governador Paulo Câmara (PSB), consta também a assinatura do ex-secretário. No decreto atual, ficou só o governador.
Agora, nem se escuta falar na secretaria de Desenvolvimento Econômico relacionada a isso.
No Instagram de Geraldo Julio, inclusive, a última vez em que ele falou sobre algo relacionado à covid-19 foi em 9 de fevereiro. Publicou um card, comemorando uma parceria da Uber com o governo para transportar pessoas para vacinação. De lá pra cá, a situação piorou muito no Estado, o secretário fez 22 postagens sem nenhuma referência à crise.
"É como se a secretaria de Desenvolvimento Econômico estivesse em outro mundo, onde o estado vai muito bem e nem sabe o que é covid. Deve ser porque ele é candidato", comenta um deputado da oposição.
Geraldo Julio é apontado como o candidato do PSB ao governo do Estado em 2022. Estaria sendo preservado desde já, segundo fontes dentro do próprio partido. Ele, aliás, teria ficado com a secretaria de Desenvolvimento Econômico exatamente para ficar longe de qualquer polêmica, focando apenas no "fomento".
A questão é que a quarentena exige um diálogo com o setor produtivo que não aconteceu antes, não está havendo durante o processo e deveria acontecer depois, para a retomada da economia.
Retomada da economia não é assunto para a secretaria de Desenvolvimento Econômico? Com Bruno Schwambach era. Foi ele quem liderou as discussões em vários desses aspectos.
Talvez porque ele não era candidato.