"Vá tomar banho agora", grita a mãe.
"Eu só vou porque eu quero, não porque você mandou", responde o menino, agitado, coberto de lama.
A cena é típica da infância e adolescência quando o desafio à autoridade faz parte da formação da personalidade.
No fundo, o garoto sabe que precisa fazer, mas ter que fazer aquilo só porque alguém mandou, dá a ideia de que ele próprio não pode se governar.
Acontece mais tarde também, em relações de trabalho ou conjugais.
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E, como vimos esta semana, acontece na gestão pública e na política. "Demita o ministro Ernesto Araújo", gritou o centrão da cozinha. "Eu demito, mas não porque você mandou. Eu já ia fazer uma reforma ministerial", respondeu o presidente da República.
Assim, acuado por ameaças que incluíram até o "remédio amargo" constitucional, em frase de Arthur Lira (PP), Bolsonaro aceitou demitir Ernesto e emendou outras mudanças que já estavam nos planos, pra não parecer que foi obrigado. Mas, foi.
Muito antes de o presidente segurar-se no centrão para "se livrar" de Rodrigo Maia (DEM) e do impeachment, sabia-se com alto grau de certeza que isso custaria caro e o presidente perderia autonomia.
Mas, quando a esquerda endossou o nome de Arthur Lira e de Rodrigo Pacheco (DEM), mesmo sendo candidatos bolsonaristas, sabia-se que não era por acaso. E não foi.
A fatura chegou. E terá que ser paga, sem birra.