A provocação direta de Ciro Gomes (PDT), chamando Lula (PT) de "maior corruptor do Brasil" tem origem e destino bem definidos. Inicia-se na estratégia criada já pelo novo marqueteiro do pedetista, João Santana, de tentar rivalizar com o petista para tomar o lugar de Jair Bolsonaro no segundo turno. Ir ao segundo turno contra o petista é o objetivo.
Ciro Gomes rebate Lula: 'Reduz a política a uma briga de amigos'
Lula, ao responder, parece ter caído na armadilha. Mas, não é bem assim. O cenário é novo e há tempo para balões de ensaio. O que acontece se, ao invés de rivalizar com Bolsonaro, o ex-presidente criar uma polarização alternativa com Ciro?
O pedetista pode enfraquecer o atual presidente? Pode reunir os votos do centro numa cesta a ser pretendida por Lula depois, caso Ciro não avance.
Em toda campanha eleitoral, parte dos eleitores costumam passar por fases, num tipo de gradação de aceitação. Ciro, disposto a ser o candidato do centro, pode servir de ponte entre os eleitores indecisos e o PT.
A identidade da terceira via, caso seu representante não vá ao segundo turno, ajuda na migração dos votos.
Se a terceira via for um candidato de direita, a tendência no segundo turno é que a maior parte dos votos vá para Bolsonaro. Se for de esquerda, esses votos migram para Lula.
O teste que o PT deve fazer nos próximos dias, aceitando um duelo verbal com Ciro, é observar se, estando Ciro fortalecido, Lula cresce nas simulações de segundo turno.
Para o pedetista, é ótimo. Avançando nas pesquisas, receberá mais apoio e pode se fortalecer para surpreender.
PSB fica no meio do acirramento de discurso entre Ciro e Lula
Faltando mais de um ano para a eleição, este é um momento em que todos os cenários acabam sendo testados. O essencial, aqui, é não errar a dose, porque é o que define se algo vai ser remédio ou veneno.