A economia de Caruaru funciona sob dois aspectos importantes; ambos são sazonais e têm reflexo para todos os 365 dias do ano: a Feira da Sulanca, que é semanal, e o São João, que é anual. E os dois foram feridos gravemente pela pandemia.
Quando uma cidade como Caruaru decide cancelar a festa de São João, como já aconteceu por dois anos consecutivos, as implicações econômicas e políticas são mais extensas do que se imagina.
Não é apenas uma festa. O São João na "Capital do Forró" tem consequências. O ex-prefeito José Queiroz (PDT), que governou a cidade por quatro mandatos, enfrentou várias polêmicas ao longo dos anos. Mas as que mais repercutiram sempre estavam ligadas ao evento. Até o posicionamento geográfico de restaurantes e barracas no parque de eventos gerava discussão.
Em 2019, já na gestão de Raquel Lyra, a movimentação econômica total chegou a R$ 200 milhões. É muito dinheiro circulando em uma única festa nas mãos de comerciantes e setor hoteleiro, entre outros.
Para ter uma ideia da importância, no período junino, o município arrecada mais em impostos do que em todo o mês de dezembro.
Da mesma forma que gera polêmicas, o São João também gera visibilidade para o gestor. Dois anos sem poder realizar o evento tem um ônus político para Raquel Lyra também. Justo num momento em que se cogita ela como possível candidata ao governo.
Não ter feito o São João de 2020 e de 2021, caso seja mesmo candidata ao governo, faz com que a festa de 2019 tenha sido a última de Raquel como prefeita.
Acontece que, se decidir disputar o governo do Estado pelo PSDB no ano que vem, ela precisa renunciar à prefeitura até o dia 2 de abril de 2022.
Sempre que é perguntada sobre a possibilidade de ser candidata, como foi ontem na Rádio Jornal, diz que "não admite falar sobre eleição enquanto a situação da pandemia na região não estiver resolvida".
Pode-se até brincar: sem São João, não tem resposta.