Trocas de partido não acontecem por amor, nem por ideologia. Principalmente se estiverem ligadas a sujeitos com mandato, trata-se de uma negociação bem minuciosa.
Então, quem estiver pensando que não há nada além de uma acomodação simples nas saídas de Marcelo Freixo e Flávio Dino de seus partidos, pense de novo.
Freixo, deputado federal, é pré-candidato ao governo do RJ.
Dino, governador do Maranhão, é pré-candidato ao Senado por lá.
Ambos têm grandes chances de serem eleitos.
Freixo conversou com Lula (PT) recentemente e decidiu ir para o PSB.
Dino também conversou com Lula, desistiu de ser candidato a presidente e resolveu ir para o PSB.
A conversa com o ex-presidente e a escolha pelo PSB não são apenas coincidências. Há um movimento de Lula para diminuir a influência de Pernambuco na sigla socialista e evitar que o PSB caminhe para uma aliança com Ciro Gomes (PDT).
Pernambuco é a chave para Ciro convencer o PSB, porque já existe uma parceria entre pedetistas e socialistas sólida. Isabella de Roldão (PDT) é vice de João Campos (PSB) na capital.
Lula tenta fechar essa porta.
Campos já chegou a declarar que preferia manter a aliança com o PDT, nacionalmente. É sabido que o herdeiro de Eduardo Campos quer apenas aumentar o preço na negociação.
A estratégia de Lula é fortalecer o partido em outros estados e dissolver mais a influência dos pernambucanos, antes de voltar a negociar.
Por enquanto, está conseguindo.