Luis Miranda (DEM-DF), que diz ter avisado a Bolsonaro sobre os negócios suspeitos em torno da vacina chinesa no ministério da Saúde e pode ser o responsável por implodir o governo, não é santo.
O deputado ficou famoso por golpes do tipo "ganhe dinheiro fácil, fale comigo". Na eleição, foi investigado por crime eleitoral, por fazer sorteios, premiando eleitores durante a campanha.
Mas, o fato de ele ter se enrolado com a Justiça não anula o crime que ele denuncia. Os delatores do Petrolão que o digam.
O senador Humberto Costa (PT), sobre isso, brincou: "já viu padre entregar bandido? Quem entrega bandido é o outro bandido".
De fato, no Mensalão, do próprio PT, a confusão começou com Roberto Jefferson, que fazia parte do esquema.
Pedro Collor, que implodiu o governo do irmão, também não era santo. E os exemplos são diversos.
Eram esquemas de corrupção bem estruturados e profissionais. A reação dos governos também foi bastante pesada e estruturada.
Agora, todo mundo é amador. Quando o governo cai num buraco, cava pra baixo, buscando saída. E se afunda.
O ministro Onyx Lorenzoni, confirmando a fama de "Rei Midas ao contrário", transformou a resposta oficial do Planalto em um novo problema na quarta-feira (23).
Se tivesse dito apenas que não era verdade e que iria apurar o que aconteceu, estaria tudo bem. Mas, resolveu ameaçar o deputado falando que ele iria prestar contas com Deus e com "eles".
Ao mesmo tempo, Bolsonaro mandou que a Polícia Federal investigasse o deputado que o acusa de prevaricação.
Soou como ameaça mafiosa, usando dinheiro público. Jogaram gasolina numa folha de papel em chamas.
Nesta sexta-feira (25), o deputado e o irmão dele, que trabalhava no governo e diz ter sido pressionado por militares da Saúde, vão falar à CPI da Pandemia.
Lorenzoni e Bolsonaro ajudaram chamando ainda mais atenção para o caso.
A audiência vai ser grande.