Quando resolveu fazer uma live para "apresentar provas" e dizer que "não tinha provas", Bolsonaro tinha uma intenção bem clara, escondida no meio de seus argumentos fajutos e vídeos de whatsapp: pressionar parlamentares para que não rejeitassem a ideia.
Tentou isso com algumas frases, quando dizia que a eleição podia ser fraudada também para ajudar parlamentares contra outros, insinuando que deputados e senadores ligados ao bolsonarismo iriam perder votos nessa "fraude".
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Além disso, escolheu a quinta-feira antes das manifestações, já marcadas bem antes por bolsonaristas, para tentar fechar um pacote, dando a entender que logo após suas "revelações", o povo foi às ruas pedir o que ele exigiu. Mas, a adesão não foi tão grande quanto ele imaginava.
Tanto que, no domingo, logo após as manifestações, 14 líderes partidários, que representam a maioria dos votos da Câmara, reafirmaram que a patetice do "voto impresso auditável" não vai passar.
Bolsonaro quis salvar algo que estava perdido e arriscou alto. Perdeu.
Mas, não perdeu tudo. Porque Bolsonaro segue uma receita de extremismo mimado para a política:
Quando não é do jeito que ele gostaria que fosse, aproveita-se para chutar o balde.
Toda a repercussão sobre a patetice do voto impresso será utilizada por ele para justificar uma possível derrota em 2022 e incitar seus seguidores contra a ordem democrática, como fez Trump nos EUA, no episódio da invasão do Capitólio.
O argumento, se não havia, porque as urnas eletrônicas são tão confiáveis ao ponto de não deixar dúvidas, foi criado, foi plantado. E ainda será ampliado.
As instituições precisam se proteger, desde agora.