O povo pensa, como já disse Dom Helder Câmara, tentando quebrar o preconceito geral sobre a ignorância popular. Tinha sua razão e seu mérito.
Mas, é importante acrescentar que o povo, às vezes, pensa e, às vezes, reage.
E quanto maior o barulho, o ruído, mas difícil é para pensar.
Toda reação é reflexo de uma ação ou omissão anterior.
Toda essa explicação é para dizer que é muito cedo para comemorar ou lamentar pesquisas de intenção de voto porque, faltando mais de um ano para as eleições, elas são apenas a reação do momento.
As ações que os atores assumem no período próximo futuro é que vão repercutir nas urnas, ainda.
A estratégia que será construída e o apoio que cada um desses atores terá é que vai gerar alguma definição.
Mas, a contínua queda de popularidade de Bolsonaro, mesclada com o fortalecimento da posição de Lula (PT), que pensa mais do que reage, na última pesquisa XP/Ipespe, vai influenciar o universo do Centrão, o grupo oportunista que se ainda não assina os cheques do presidente da República, está bem próximo disso.
O Centrão, diferente do povo, sabe pensar e reagir, sem paixão.
Bolsonaro, que parece quase nunca pensar e só reagir, grita um poder que já não possui, tentando se impor para um povo que, assustado, reage mais do que pensa, seja em consonância ou em dissonância.
O ensinamento que a observação nos traz é que pensar rende frutos. Lula e o Centrão que o digam.
É difícil pensar no meio de muito barulho. E, de uns anos para cá, a República virou uma sala de ruídos diários e insuportáveis.
Quem ganha com isso?