O cálculo do cada vez mais famoso e menos respeitado "Teto de Gastos", no governo Federal, pode até ser considerado complicado, mas seu objetivo é bem simples e está presente (ou deveria estar) na vida de qualquer pessoa economicamente ativa: não gastar mais do que ganha.
Parece algo de fácil aceitação. Quem gasta mais do que ganha, se endivida e quebra. Mas a lógica do governo, por causa de sua característica política e, principalmente, eleitoral não é a de um pai de família responsável, mas a do filho mimado que gasta o quanto pode porque sempre vai ter alguém para lhe repor o vazio no cofre.
Não é a toa que existe um fenômeno interessante sobre o teto: o único que lhe devotou respeito de 2016 pra cá, em sua criação, foi Michel Temer (MDB), também o único sem perspectiva de reeleição na maior parte de seu mandato e sem chance em eleições futuras.
Bolsonaro, que foi eleito dizendo ser contra a reeleição e defendendo o teto de gastos, hoje tenta ultrapassar o teto para se reeleger.
O ministro Paulo Guedes, um liberal que zombava do Keynesianismo e defendia menor gasto do governo e menor protagonismo estatal, agora fala em "licença para furar o teto". Quer continuar ministro.
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E, nessa esteira, impressiona que os defensores da moralidade nos gastos públicos, que reclamavam dos gastos irresponsáveis do PT e elegeram Bolsonaro com esse argumento, agora também passaram a defender que não tem nada demais gastar mais do que se arrecada.
Todo mundo fala mal do filho mimado, até poder viver a vida dele e gostar.