Destaques e análises políticas do Brasil e Pernambuco, com Igor Maciel

Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Confira a tabela com os valores que cada partido pode receber para a eleição em 2022 se o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões for confirmado

Decisão deve ser tomada até a sexta-feira (17) se o veto de Bolsonaro for derrubado. E a previsão é que seja.

Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 14/12/2021 às 15:11 | Atualizado em 14/12/2021 às 15:25
Fachada do Congresso Nacional, a sede das duas Casas do Poder Legislativo brasileiro - ROQUE DE SÁ/AGÊNCIA SENADO

O governo Bolsonaro já foi um estranho dentro do Congresso. A bancada fiel, no início da gestão, era de uns cinquenta parlamentares. Servia apenas para fazer barulho.

Desde a eleição de Arthur Lira, quando o PP passou a ser um aliado, atraindo outras siglas menores e, ainda mais, após a filiação do presidente ao PL, Bolsonaro passou a ter maioria e consegue votar o que quiser na Casa.

Antes era mais fácil fingir contrariedade com algum projeto, vetando o texto para que o Congresso derrubasse e parecesse que o presidente era contra. Ele nem partido tinha.

Agora, com uma base governista bem definida, não tem mais como fingir.
O dinheiro para o fundo eleitoral é um exemplo evidente dessa mudança de perspectiva. É um projeto que Bolsonaro vetou antes de ter partido, antes de ter base forte, antes de ter influência no Congresso.

Os deputados e senadores aprovaram um pornográfico aumento de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões no valor destinado a financiar suas próprias campanhas em 2022. E também a campanha de Bolsonaro.

O presidente vetou, na época. Agora, os deputados estão articulando para derrubar o veto. Quais? Os da base de Bolsonaro.

Os parlamentares que ele controla trabalham para derrubar o veto dele e permitir que o contribuinte, mais sacrificado do que nunca, seja obrigado a pagar quase três vezes o que foi pago em 2020 pela propaganda e pelas viagens dos candidatos em 2022.

O centrão, aliado do presidente, é o principal articulador dessa verba. Alguns até aceitam negociar e dizem que é "possível aceitar, no mínimo, R$ 4 bilhões".

Já seria o dobro do valor gasto em 2020.

Qualquer valor é absurdo se você considerar que os partidos já recebem muito dinheiro ao longo do ano, pelo fundo partidário. O fundo partidário, diferente do eleitoral é pago todo mês, o ano inteiro, independente de ter eleição ou não.

E, se confirmarem o valor de R$ 5,7 bilhões para o fundo partidário, a campanha do próprio Bolsonaro terá acesso a mais R$ 335 milhões apenas para fazer campanha.

A distribuição é definida pelo número de deputados que cada partido elegeu em 2018.

Outros partidos da base bolsonarista também serão beneficiados se o veto do próprio presidente for derrubado. O PP, por exemplo, pode ter acesso a R$ 400 milhões.

Mas, não é apenas Bolsonaro quem se beneficia. Se mantiverem o vergonhoso valor de R$ 5,7 bilhões para a campanha eleitoral, o PT poderá dispor de R$ 573,7 milhões.

O Podemos, de Sergio Moro, que recebeu R$ 77 milhões em 2020, passará a receber R$ 222 milhões com o novo valor.

Mas o maior beneficiado será o União Brasil, da fusão do PSL com o DEM. Os dois partidos, juntos, terão direito a R$ 912,7 milhões.

Confira, abaixo, a tabela completa de como deve ficar a divisão dos valores, caso o Fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões seja aprovado no Congresso:

 

Com o fundo eleitoral de R$ 2 bilhões, pagos em 2020 

PT R$ 201.297.516,62 Podemos R$ 77.968.130,80 Rede R$ 28.430.214,66 PSTU R$ 1.233.305,95
PSL + DEM R$ 320.253.178,89 PTB R$ 46.658.777,07 Avante R$ 28.121.267,64 UP R$ 1.233.305,95
MDB R$ 148.253.393,14 Solidariedade R$ 46.037.917,83 PV R$ 20.498.922,01

PP R$ 140.669.215,02 PSOL R$ 40.634.516,50 PTC R$ 9.498.596,58 Total R$ 2 bilhões
PSD R$ 138.872.223,52 Pros R$ 37.187.846,96 PMN R$ 5.872.173,76

PSDB R$ 130.452.061,58 Novo R$ 36.564.183,26 DC R$ 4.025.171,90

PL R$ 117.621.670,45 Cidadania R$ 35.824.724,42 PCB R$ 1.233.305,95

PSB R$ 109.545.178,16 Patriota R$ 35.139.355,52 PCO R$ 1.233.305,95

PDT R$ 103.314.544,11 PSC R$ 33.239.786,22 PMB R$ 1.233.305,95

Republicanos R$ 100.632.561,34 PCdoB R$ 30.941.860,30 PRTB R$ 1.233.305,95
 

 

Com o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, sendo discutido no Congresso

PT R$ 573.697.922,36 Podemos R$ 222.209.172,78 Rede R$ 81.026.111,78 PSTU R$ 3.514.921,95
PSL+DEM R$ 912.721.559,83 PTB R$ 132.977.514,64 Avante R$ 80.145.612,77 UP R$ 3.514.921,95
MDB R$ 422.522.170,44 Solidariedade R$ 131.208.065,81 PV R$ 58.421.927,72

PP R$ 400.907.262,80 PSOL R$ 115.808.372,02 PTC R$ 27.071.000,25 Total R$ 5,7 bilhões  
PSD R$ 395.785.837,03 Pros R$ 105.985.363,83 PMN R$ 16.735.695,21

PSDB R$ 371.788.375,50 Novo R$ 104.207.922,29 DC R$ 11.471.739,91

PL R$ 335.221.760,78 Cidadania R$ 102.100.464,59 PCB R$ 3.514.921,95

PSB R$ 312.203.757,75 Patriota R$ 100.147.163,23 PCO R$ 3.514.921,95

PDT R$ 294.446.450,71 PSC R$ 94.733.390,72 PMB R$ 3.514.921,95

Republicanos R$ 286.802.799,81 PCdoB R$ 88.184.301,85 PRTB R$ 3.514.921,95
 


Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS