A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), usou a inserção partidária do PSDB, circulando esta semana, para dar o tom do que será seu argumento de campanha para o governo. Falou da "força da mulher", isso é o básico e essencial num eleitorado majoritariamente feminino, mas chamou a atenção o uso da imagem de Eduardo Campos.
- Raquel Lyra, Anderson Ferreira e Miguel Coelho precisarão de "gordura" para enfrentar Lula. E vão acabar se atacando
- A "solução Lula" e a "solução Bolsonaro" estão sendo o grande problema de Sergio Moro
- Com posições sobre Rússia, Bolsonaro se aproxima da Venezuela, de Maduro, e (quem diria) de Lula, no Brasil
Para quem não lembra, Raquel esteve por quase toda a vida no PSB e sempre teve boa relação com o ex-governador, até sua morte.
O pai, João Lyra Neto (PSDB), foi vice de Campos.
Ela só saiu em 2016 quando o partido lhe negou legenda para disputar a prefeitura de Caruaru. Ela foi ao PSDB, e se elegeu. A foto com Eduardo na inserção partidária mostra que o discurso de Raquel pode ser parecido com o que Marília Arraes tinha em 2019, prestes a disputar a prefeitura do Recife.
A petista dizia que "o PSB de hoje não é o PSB de Miguel Arraes e nem o de Mangabeira".
Raquel também poderá dizer que o "PSB de hoje não é o PSB de Eduardo"? Talvez, o partido mudou muito após o acidente de avião em 2014. Resta saber se o eleitor irá absorver essa mensagem e simpatizar com a causa.
Resta saber também se isso não fará com que, sem ganhar votos à esquerda, Raquel acabe perdendo votos mais conservadores atraídos pelo PSDB.
Já os socialistas podem tentar fazer o que o também neto de Arraes fez em 2017. Antônio Campos foi à Justiça para impedir o PSB de usar a imagem de Miguel Arraes. Não deu certo na época, mas quem sabe agora?
Um detalhe importante é que Miguel Coelho (UB) também teria o mesmo direito de Raquel Lyra. Ele também foi do PSB e também saiu somente após a morte de Eduardo.
Se quiser exaltar a figura do ex-governador, terá muito material para isso. A questão, mais uma vez, é até que ponto isso ajuda ou atrapalha quem, hoje, depende de votos conservadores na oposição ao PSB.
Se o cálculo de Raquel para ir mais à esquerda, com a imagem de Eduardo, der errado, Anderson Ferreira (PL) com um palanque assumidamente bolsonarista, estará pronto para receber os eleitores incomodados.
O que é curioso, porque dos três candidatos da oposição, Anderson foi o que ficou mais tempo aliado do PSB após a morte de Eduardo. Só deixou de ser aliado de Paulo Câmara (PSB) e cia em 2018.
Sim, os três pré-candidatos da oposição, hoje, eram do PSB ou da Frente Popular até alguns anos atrás. O que mostra que talvez o argumento de Marília, lá atrás, tivesse fundo de verdade: "o PSB não é mais o mesmo".
O que era um grupo só, na época de Eduardo, hoje está dividido em quatro ou cinco plataformas. Isso diz algo sobre Eduardo e sobre o PSB atual.