Ninguém quer o metrô do Recife, mas todo mundo quer Noronha.
Paulo Câmara (PSB) e Bolsonaro (PL) brigam pra ver quem fica com a ilha paradisíaca, mas fogem da responsabilidade em relação ao transporte metroviário.
Se fosse para não falar sério, poderíamos propor construir uma expansão dos trilhos para Fernando de Noronha e ver quem aceita assumir os dois juntos.
Pensem bem, o sujeito sairia da estação Joana Bezerra direto para nadar com os golfinhos. Quem ficar com Noronha, Paulo ou Bolsonaro, fica também com o metrô!
Eles se entenderiam? Provavelmente não, porque ninguém está preocupado com a administração da ilha ou com o trabalhador, o que não nada com golfinhos e enfrenta o sucateamento do metrô diariamente. As duas novelas são apenas pequenas batalhas eleitorais.
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Dono e gestor
Vamos falar sério. As noções de propriedade e responsabilidade é que estão sendo confundidas nessa discussão. E é de propósito.
O território de Fernando de Noronha pertence a Pernambuco, e isso está claro na Constituição de 1988. Mas, a responsabilidade também é de Pernambuco e, nisso, há falhas de gestão imensas.
Se o governo Federal quer dizer que é dono de Noronha, está errado.
Se quer questionar os problemas de infraestrutura da ilha, que são muitos, aí sim, está coberto de razão, porque, entre outras coisas, o território é uma ilha oceânica dentro da zona econômica exclusiva do Brasil. Quem conhece Noronha para além de sua capa turística, sabe que os moradores de lá sofrem bastante. Os serviços são péssimos.
Da mesma forma, dizer que o metrô pertence a Pernambuco seria um absurdo. O metrô é do governo Federal, administrado pelo governo Federal através da CBTU e com péssimos resultados.
Mas, Pernambuco pode e deve questionar a União pela administração precária do equipamento, sim, porque ele está em território pernambucano e serve (mal) aos pernambucanos.
Se os serviços em Noronha não são bem administrados, Pernambuco precisa ser cobrado. Se os serviços do metrô não são bem administrados, a União deve ser cobrada.
O problema, origem de toda essa discussão boba entre duas gestões incapazes de dialogar decentemente, é que a União sempre fingiu que não tinha nada a ver com Noronha e Pernambuco sempre fingiu que não tinha nada a ver com o metrô.
Se isso mudar, já saímos no lucro.